20 maio 2015

Que luzes são essas?

J. Durral Mulholland

Durante o dia, a rodovia US 90, entre Alpine e a cidade vizinha de Marfa, não é diferente do restante do oeste texano. São 42 quilômetros de vazio, pontilhados de algarobeiras e cactos. À noite existem carros nessa mesma estrada, só que estão estacionados, com os ocupantes olhando para a planície de Mitchell, ao sul. Essas pessoas estão procurando as luzes de Marfa.

Lá, ao longe, um disco de luz movimenta-se pelo campo. De repente, dá uns pulos, depois parece pairar por um momento, ou sai em zigue-zague por ali. Pode se dividir em dois discos, que brincam sem se afastar. Às vezes, são vários ao mesmo tempo. Outras vezes, desaparecem completamente. Para a maioria dos espectadores, as luzes parecem estar bem longe. Outras pessoas relatam terem sido perseguidas por elas. As descrições diferem, mas ninguém discute que as luzes sejam reais. Elas podem ser vistas quase todas as noites.

Ninguém sabe o que há de diferente naqueles poucos quilômetros em volta das fazendas de Nopal, Antelope Springs e Escondido; as luzes não são vistas em nenhum outro lugar. Não há falta de teorias sobre o que sejam. A maioria delas, no entanto, não é científica. Embora poucos ainda acreditem em fantasmas de índios, há muita gente bastante crédula para associar as luzes a forças sobrenaturais ou a visitantes extraterrestres.
[...]

No campo, as luzes continuam a pular, a se dividir e desaparecer. Cada teoria proposta parece ter falhas. Talvez um teste definitivo que analisasse o espectro de cor das luzes fosse capaz de determinar que elementos químicos estão envolvidos. Fazer tais medições, entretanto, exigiria o uso de um grande telescópio que pudesse ser mudado de lugar e de um espectrógrafo adequado. Ninguém ainda se propôs a fornecê-los.

Os habitantes aceitam as luzes como um fato normal. A reação de Laughlin talvez seja típica de como o pessoal do lugar se sente: “Espero que jamais saibamos o que são as luzes de Marfa. Algumas coisas em nossas vidas devem permanecer misteriosas”.

Fonte: Leigh, J. & Savold, D., orgs. 1991 [1988]. O dia em que o raio correu atrás da dona-de-casa... e outros mistérios da ciência. SP, Nobel.

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