Que luzes são essas?
J. Durral Mulholland
Durante o dia, a rodovia
US 90, entre Alpine e a cidade vizinha de Marfa, não é diferente do restante do
oeste texano. São 42 quilômetros de vazio, pontilhados de algarobeiras e
cactos. À noite existem carros nessa mesma estrada, só que estão estacionados,
com os ocupantes olhando para a planície de Mitchell, ao sul. Essas pessoas
estão procurando as luzes de Marfa.
Lá, ao longe, um disco de
luz movimenta-se pelo campo. De repente, dá uns pulos, depois parece pairar por
um momento, ou sai em zigue-zague por ali. Pode se dividir em dois discos, que
brincam sem se afastar. Às vezes, são vários ao mesmo tempo. Outras vezes,
desaparecem completamente. Para a maioria dos espectadores, as luzes parecem
estar bem longe. Outras pessoas relatam terem sido perseguidas por elas. As
descrições diferem, mas ninguém discute que as luzes sejam reais. Elas podem
ser vistas quase todas as noites.
Ninguém sabe o que há de
diferente naqueles poucos quilômetros em volta das fazendas de Nopal, Antelope
Springs e Escondido; as luzes não são vistas em nenhum outro lugar. Não há
falta de teorias sobre o que sejam. A maioria delas, no entanto, não é
científica. Embora poucos ainda acreditem em fantasmas de índios, há muita
gente bastante crédula para associar as luzes a forças sobrenaturais ou a
visitantes extraterrestres.
[...]
No campo, as luzes
continuam a pular, a se dividir e
desaparecer. Cada teoria proposta parece ter falhas. Talvez um teste definitivo
que analisasse o espectro de cor das luzes fosse capaz de determinar que
elementos químicos estão envolvidos. Fazer tais medições, entretanto, exigiria o
uso de um grande telescópio que pudesse ser mudado de lugar e de um espectrógrafo
adequado. Ninguém ainda se propôs a fornecê-los.
Os habitantes aceitam as
luzes como um fato normal. A reação de Laughlin talvez seja típica de como o
pessoal do lugar se sente: “Espero que jamais saibamos o que são as luzes de
Marfa. Algumas coisas em nossas vidas devem permanecer misteriosas”.
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