02 julho 2015

Ciência e capital

G. B. van Albada

O enorme desenvolvimento da técnica moderna só foi possível graças ao imenso crescimento das ciências da natureza nos últimos cem anos. Isto quer portanto dizer que os estudos científicos se tornaram [uma] condição necessária para o bom funcionamento da sociedade. Com efeito, os resultados alcançados com as ciências são postos continuamente em prática no processo produtivo. Em certo sentido, eles devem ser considerados como verdadeiros meios de produção. Como consequência, a prática científica, a aquisição de novos conhecimentos – isto é, a conquista de um poder crescente sobre as forças da natureza – são parte integrante da indústria dos meios de produção.

Porém, a prática científica ocupa um lugar à parte na indústria. Essa posição particular da produção científica resulta do fato de que cada nova descoberta é feita uma vez só. Nesse caso, o produto que é criado uma vez só não se gasta, não há desgaste durante a sua utilização e o único rendimento que se obtém, sempre que a ciência progride para conhecimentos mais avançados, é de ordem moral. É esse caráter particular do produto científico que explica a razão profunda da posição, particular também, que a prática científica ocupa na vida social.
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Fonte: Deus, J. D., org. 1979. A crítica da ciência, 2ª edição. RJ, Zahar. Texto originalmente publicado em 1946.

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