Ciência e capital
G. B. van Albada
O enorme desenvolvimento
da técnica moderna só foi possível graças ao imenso crescimento das ciências da
natureza nos últimos cem anos. Isto quer portanto dizer que os estudos
científicos se tornaram [uma] condição necessária para o bom funcionamento da
sociedade. Com efeito, os resultados alcançados com as ciências são postos
continuamente em prática no processo produtivo. Em certo sentido, eles devem
ser considerados como verdadeiros meios de produção. Como consequência, a
prática científica, a aquisição de novos conhecimentos – isto é, a conquista de
um poder crescente sobre as forças da natureza – são parte integrante da
indústria dos meios de produção.
Porém, a prática
científica ocupa um lugar à parte na indústria. Essa posição particular da
produção científica resulta do fato de que cada nova descoberta é feita uma vez
só. Nesse caso, o produto que é criado uma vez só não se gasta, não há desgaste
durante a sua utilização e o único rendimento que se obtém, sempre que a ciência
progride para conhecimentos mais avançados, é de ordem moral. É esse caráter particular
do produto científico que explica a razão profunda da posição, particular
também, que a prática científica ocupa na vida social.
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