26 junho 2015

Desígnio

Robert Frost

Encontrei uma aranha eriçada, grande e branca,
Sobre um cura-tudo branco, segurando uma mariposa
Como se fosse um pedaço rígido de branco tecido acetinado –
Uma combinação de sinais de morte e geada
Misturados e prontos para começar bem a manhã,
Como os ingredientes do caldo de uma bruxa –
Uma aranha coberta de neve, uma flor semelhante à espuma,
E asas mortas, sustidas como uma pipa de papel.

Por que aquela flor teve de ser branca,
O cura-tudo de beira de estrada, azul e inocente?
O que levou até aquela altura a aranha de mesma cor
E depois, no meio da noite, conduziu para lá a branca mariposa?
O que senão o desígnio da aterradora escuridão? –
Se é que o desígnio influi numa coisa tão pequena.

Fonte: Gould, S. J. 1990. Vida maravilhosa. SP, Companhia das Letras. Poema publicado em livro em 1936.

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