É o silêncio...
Pedro Kilkerry
É o silêncio, é o cigarro
e a vela acesa.
Olha-me a estante em cada
livro que olha.
E a luz nalgum volume
sobre a mesa...
Mas o sangue da luz em
cada folha.
Não sei se é mesmo a
minha mão que molha
A pena, ou mesmo o
instinto que a tem presa.
Penso um presente, num
passado. E enfolha
A natureza tua natureza.
Mas é um bulir das
cousas... Comovido
Pego da pena, iludo-me que
traço
A ilusão de um sentido e
outro sentido.
Tão longe vai!
Tão longe se aveluda esse
teu passo,
Asa que o ouvido anima...
E a câmara muda. E a sala
muda, muda...
Àfonamente rufa. A asa da
rima
Paira-me no ar. Quedo-me
como um Buda
Novo, um fantasma ao som
que se aproxima.
Cresce-me a estante como
quem sacuda
Um pesadelo de papéis
acima...
.. .. .. .. .. .. .. ..
.. ..
E abro a janela. Ainda a
lua esfia
Últimas notas trêmulas...
O dia
Tarde florescerá pela
montanha.
E oh! minha amada, o
sentimento é cego...
Vês? Colaboram na saudade
a aranha,
Patas de um gato e as
asas de um morcego.
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