As necessidades do lar
Mary Agnes Hamilton
Como representante dos
simples consumidores, aos quais esta grande assembleia, com característica
generosidade, permitiu usar da palavra, desejo abordar a discussão de um ponto
posto por Sir Harold Hartley. Ele disse, e, claro está, com verdade, que o uso
científico da energia não revolucionou somente as condições do trabalho;
reduziu também, consideravelmente, a fadiga, aumentou o confortou e melhorou as
condições de saúde dentro do lar. Esse alívio, porém, ficou limitado, em geral
e neste país, às casas dos bem dotados, a casa moderna. A maior parte das
mulheres que trabalham está ainda ligada à sujidade, aos antigos trabalhos
pesados e aos antigos utensílios. Trabalham em condições que lhe tornam
extremamente difícil encontrar na sua actividade aquela satisfação artística
que é devida a qualquer trabalho feito tão bem quanto possível; trabalha em
condições que lhe tomam mais tempo, mais energia e mais paciência do que seriam
necessários. O meu pedido será, portanto, que se tornem extensivo ao lar humilde
os utensílios que poupam trabalho e que podem revolucionar a vida dentro dele.
[...]
É este o âmago do meu pensamento.
O mundo, para a sua reconstrução, vai precisar do trabalho de todos os seus
cidadãos. Vai precisar tanto do trabalho de suas mulheres, como precisa do dos
seus homens. Se o trabalho do lar humilde fosse racionalizado – é isso, o
mínimo, que a ciência pode fazer por ele – a mulher que quere e pode ter uma
ocupação fora de casa, pode tê-la sem sacrificar o seu lar. [...] O
aligeiramento duma tarefa desnecessária e sem fim tornará a família, que vive
nesse lar, capaz de gozar uma intimidade mais completa e mais livre e, ao mesmo
tempo, mais rica e mais variada. A ciência, se não for tão orgulhosa que não
possa promover essa comezinha aplicação dos seus grandes sucessos, dará uma não
pequena contribuição para aquilo que o dr. Thomas Jones chamou, no outro dia, “os
milhares de pequenas vitórias à volta da nossa porta, nas quais a nossa vitória
deve ser dividida”.
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