O malandro que queria ser rei
F. Ponce de León
Malandro é o sujeito que toma rasteira e se acha o maioral.
*
Era uma vez um malandro. Tinha ele uma prima, irmã e esposa. Perdeu as
três.
Primeiro, um gringo de olhos puxados levou a prima. Depois, apareceu um
sujeito de óculos escuros e camisa da seleção e levou a irmã. Por fim, um
terceiro gringo veio e lhe tomou a esposa.
“E agora, o que eu digo no boteco?”
Na primeira vez, ele disse que a prima se arranjou. Na segunda, ele disse
que a irmã encontrou um otário e desencalhou. Na terceira, ele riu e disse que foi
ele quem se deu bem, pois se livrou da bruaca.
O malandro é o rei do pedaço. Adora futebol, mas não deixa de acompanhar o
telecatch, no sábado à noite, e a corrida de baratinhas, no domingo de manhã.
Não gosta de ler. Diante da TV ligada, porém, revela uma grande
frustração: gostaria de ter um diploma de juiz. Hoje, seria o rei de Alienópolis
ou de Bananalândia.
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