Experimentos em percepção
William H. Ittelson & Franklin P. Kilpatrick
O que é percepção? Por que vemos o que vemos, sentimos o que sentimos, ouvimos o que ouvimos? Nós agimos em termos do que percebemos; nossos atos levam-nos a novas percepções; estas levam a novos atos, e assim por diante, no processo incrivelmente complexo que constitui a vida. Claramente, então, uma compreensão dos processos pelos quais o homem se torna consciente de si mesmo e de seu mundo é básica para uma compreensão adequada do comportamento humano. [...]
O fato de vermos uma cadeira e podermos então ir até o lugar onde a localizamos e descansar nossos corpos num objeto substancial não parece particularmente interessante ou difícil de explicar – até que procuremos explicá-lo. Se aceitamos o ponto de vista corrente de que nunca podemos conhecer o mundo tal qual ele é, mas apenas os impulsos nervosos que surgem da colisão de forças físicas sobre os receptores sensoriais, imediatamente nos defrontamos com a necessidade de explicar a correspondência entre o que percebemos e o que existe na realidade.
Uma resposta extremamente lógica, irrefutável – e cientificamente inútil – seria simplesmente dizer que não existe um mundo real, que tudo existe apenas na nossa mente. Outro método seria postular a existência de um mundo externo, imaginar que há alguma correspondência geral entre o mundo e o que percebemos e procurar alguma explicação compreensível e útil do motivo por que as coisas são assim. A maior parte das teorias em voga sobre a percepção [surgiu] desta última perspectiva. [...]
Fonte: Ittelson, W. H. & Kirkpatrick, F. P. 1975 [1967]. In: Scientific American, Psicobiologia: As bases biológicas do comportamento. RJ, LTC & Edusp. Artigo originalmente publicado em 1951.
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