14 maio 2020

Uma nota de retificação



Resumo. Esta nota ajusta o conteúdo de artigo – Covid-19 – Como entramos e como iremos sair da crise. I. Um apanhado geral e uma sugestão de guia – publicado hoje (14) neste Jornal GGN. Mais especificamente, esta nota atualiza as estatísticas e corrige uma parte crucial das análises apresentadas naquele artigo. Passou da hora de os governantes soarem o alerta e acenderem o sinal vermelho.

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Levando em conta as estatísticas divulgadas pelo Ministério da Saúde (aqui) nas últimas 24 horas, ontem (13) e hoje (14), minha interpretação dos resultados (item 4 do artigo anterior, ‘Construindo um gráfico’) deve ser revista.

Minha interpretação de momento – incluindo a figura que acompanha esta nota – é a que segue.

Atualizando o gráfico.

Quando os valores de β (para detalhes, ver artigo anterior) são colocados em um gráfico, sete agregados de pontos podem ser identificados (elipses A-G na figura que acompanha esta nota).

A interpretação dos cinco primeiros agregados (A-E) segue inalterada, a saber:

(A) Entre 21 e 30/3, intervalo durante o qual a taxa de crescimento declinou desde β = 27,8% até β = 7,6% (houve um excepcional 37%, em 22/3, mas aí se trata de um ‘ponto fora da curva’);

(B) Entre 31/3 e 6/4, quando, após uma inesperada e significativa escalada (30-31/3), a taxa tornou a declinar, dessa vez desde β = 24,8% até β = 8,3%;

(C) Entre 7 e 14/4, quando, após uma segunda e significativa escalada (6-7/4), a taxa tornou a declinar uma terceira vez, agora desde β = 16,1% até β = 5,5%;

(D) Entre 15 e 20/4, quando, após uma terceira escalada (14-15/4), a taxa tornou a declinar uma quarta vez, variando desde β = 12,1% até β = 5%; e

(E) Entre 21 e 30/4, intervalo durante o qual – pela primeira vez! – a taxa oscilou para cima, variando entre β = 5,8% e β = 10,4%.

Mas a interpretação dos dois últimos agregados deve ser alterada, a saber:

(F) Entre 1 e 9/5, quando, após uma queda significativa (30/4-1/5), a taxa tornou a oscilar para cima uma segunda vez, variando entre β = 4,9% e β = 9,2%; e

(G) Entre 10 e 14/5, quando, após uma nova queda significativa (9-10/5), a taxa tornou a oscilar para cima, agora variando entre β = 3,5% e β = 7,4%.

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FIGURA. A figura que acompanha esta nota ilustra a variação na taxa de crescimento diário no número de novos casos da Covid-19 na população brasileira (eixo vertical; β expresso em porcentagem), entre 21/3 e 14/5. Sete agregados de pontos podem ser identificados (A-G), o último dos quais (G) ainda está em formação (para detalhes, ver o texto). As setas estariam a representar algo como a direção e o sentido da força dominante dentro de cada agregado: setas pretas empurram para baixo e as vermelhas, para cima. A linha tracejada representa algo como a trajetória média de todos os pontos. (Em termos de análise estatística, basta dizer que os resultados são expressivos e bastante significativos.) Em alaranjado, os resultados de março; em verde, os de abril; em roxo, os de maio; os quadrados em azul correspondem a domingos. O gráfico menor no canto superior direito ilustra a variação no tempo de duplicação (TD) no número de casos, no mesmo intervalo de tempo do gráfico maior. (O eixo vertical indica o valor de TD, em dias.) Os valores extremos da série (ignorando o resultado de 22/3 – ver texto) foram 3,1 (31/3) e 20,4 (11/5), indicando que (a) mantido o valor de β obtido para 31/3, seriam necessários 3,1 dias para dobrar o número de casos; e (b) mantido o valor de 11/5, seriam necessários 20,4 dias para dobrar o número de casos. Em meio a uma sucessão de oscilações, é possível notar uma lenta escalada da curva.

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Coda.

O comportamento geral da taxa de crescimento, portanto, poderia ser resumido da seguinte maneira: após quatro intervalos de oscilações para baixo (A-D, na figura), o valor de β passou a oscilar para cima e assim tem sido há três intervalos (E-G), já incluindo aí os resultados de ontem e hoje (13-14/5).

De momento, caberia dizer apenas o seguinte: Passou da hora de os governantes soarem o alerta e acenderem o sinal vermelho.

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