28 abril 2020

Pastoral

Yone Rodrigues

Pastora, dá-me de beber.
São líquidos teus olhos transparentes
que lágrima nenhuma desprenderam.

Pastora, dá-me de cantar.
A tua flauta, ontem vago bambu,
hoje é pássaro exato.

Pastora, dá-me de cismar.
Quem se assenta entre flocos de ovelhas
e com seu rebanho medita cada dia
bem pode falar de eternidade.

Pastora, dá-me de viver.

Fonte: Horta, A. B. 2003. Sob o signo da poesia. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 1984.

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