No ritmo atual, o país irá contabilizar 16,5 milhões de casos e 491 mil mortes até 30/5
Felipe A. P. L. Costa [*].
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Entre 19 e 25/4, essas taxas ficaram em 0,40% (casos) e 0,66% (mortes). Foi a segunda semana consecutiva em que ambas declinaram juntas, algo que não ocorria desde novembro. A taxa de crescimento no número de casos está a cair (ainda que de modo tortuoso) desde a primeira semana de março. O impacto de tal tendência estaria agora a se fazer notar na taxa de crescimento no número de mortes. Infelizmente, porém, os valores atuais ainda estão bem acima dos mínimos registrados entre outubro e novembro. No ritmo atual, o país irá contabilizar 16.506.147 casos e 491.150 mortes até o último domingo de maio (30/5).
1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã desta segunda-feira (26/4) [1], eis um quadro da situação mundial.
(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados seguem a concentrar 78% dos casos (de um total de 147.272.345) e 81% das mortes (de um total de 3.111.298) [3].
(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 2,2%. A taxa brasileira segue em 2,7%. (Os outros três países da América do Sul que estão no topo da lista têm as seguintes taxas: Argentina, 2,2%, Colômbia, 2,6%, e Peru, 3,4%.)
(C) Nesses 20 países, 86,7 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 75% dos casos. Em escala global, 110,4 milhões de indivíduos já receberam alta.
2. O RITMO ATUAL DA PANDEMIA NO PAÍS.
Ontem (25/4), de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados em todo o país mais 32.572 casos e 1.305 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 14.340.787 casos e 390.797 mortes [4].
Em números absolutos, ambas as estatísticas declinaram em relação aos números da semana anterior (12-18/4).
Foram registrados 397.716 novos casos – uma queda de 14% em relação à semana anterior (461.048). Foi a 21ª semana com mais de 300 mil novos casos – 16 dessas semanas foram registradas em 2021.
E foram registradas, desgraçadamente, 17.462 mortes – também uma queda de 14% em relação à semana anterior (20.198). Foi a 23ª semana com mais de 7 mil mortes – 15 dessas semanas foram registradas em 2021.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os números absolutos e os percentuais referidos acima pouco ou nada dizem sobre o ritmo e o rumo da pandemia [5]. Por conta disso, sigo a usar como guia as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Vejamos os resultados mais recentes.
Em comparação com os valores da semana anterior (12-18/4), as médias da semana passada (19-25/4) mostraram tendências de queda (ver a figura que acompanha este artigo). Foi a segunda vez consecutiva em que ambas declinaram juntas, algo que não ocorria desde a primeira semana de novembro (2-8/11).
A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,48% (12-18/4) para 0,40% (19-25/4) – o menor percentual desde a segunda semana de novembro (8-15/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes caiu de 0,80% (12-18/4) para 0,66% (19-25/4) – a segunda queda sucessiva, algo que não ocorria desde a primeira semana de novembro (2-8/11) (ver a figura que acompanha este artigo) [6, 7]!
FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 28/6/2020 e 25/4/2021. (Valores acima de 2% não são mostrados.) As médias mais baixas das duas séries (casos e mortes) foram observadas entre 11/10 e 8/11, razão pela qual o período é referido aqui como o ‘melhor mês’. Logo em seguida, porém, note como as duas nuvens de pontos experimentaram rupturas e mudaram de rumo. E note como o apagão que houve na divulgação das estatísticas, na segunda quinzena de dezembro, rebaixou artificialmente as duas trajetórias.
4. CODA.
A taxa de crescimento no número de casos está a cair (ainda que de modo tortuoso) desde a primeira semana de março (1-7/3). O impacto de tal tendência estaria agora a se fazer notar na taxa de crescimento no número de mortes. Ocorre que os valores das duas taxas ainda estão bem acima dos mínimos registrados entre outubro e novembro (‘o melhor mês’ – ver a figura que acompanha este artigo). No ritmo atual, o país irá contabilizar 16.506.147 casos e 491.150 mortes até o último domingo de maio (30/5).
O recado para governadores, prefeitos e lideranças empresariais de boa-fé segue valendo e cabe em uma frase: A saída para a crise depende da adoção e da manutenção de medidas efetivas de proteção e confinamento [8].
Não custa frisar: Não é a vacinação que está a reduzir a taxa de crescimento no número de mortes. São as (frouxas) medidas de contenção que estão a reduzir a taxa de crescimento no número de casos. Brincar de ‘fase de transição’, portanto, como já estariam a fazer alguns governantes, só irá nos empurrar ladeira acima. De novo.
NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Alguns países europeus (e.g., Suécia, Suíça e Espanha) insistem em não divulgar as estatísticas em feriados e fins de semana. A julgar pelo que informam os painéis, o comportamento da Suécia tem sido particularmente surpreendente e vexatório. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em seis grupos: (a) Entre 32 e 34 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 16 e 18 milhões – Índia; (c) Entre 14 e 16 milhões – Brasil; (d) Entre 4 e 6 milhões – França, Rússia, Turquia e Reino Unido; (e) Entre 2 e 4 milhões – Itália, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Polônia, Irã, México e Ucrânia; e (f) Entre 1,5 e 2 milhões – Peru, Indonésia, Tchéquia e África do Sul.
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março, em escala mundial e nacional, ver os cinco volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Compare com as projeções e os comentários apresentados em artigos anteriores publicados neste GGN – ‘Balanço e projeções: No ritmo atual, o país irá contabilizar 390 mil mortes até 25/4’, em 22/3; e ‘O tecido social vem se esgarçando há anos, mas ainda não regredimos ao ‘É cada um por si’’, em 30/3; e ‘Como sair da crise?’, em 17/4.
[5] Arrisco dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira (grande parte dela, ao menos) se dê conta de que está monitorando a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e bastante superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março, em escala mundial e nacional, ver referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10 e 25/4, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,4% (26/10-1/11), 0,3% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,5% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,5% (29/3-4/4); 0,54% (5-11/4); 0,48% (12-18/4) e 0,40% (19-25/4); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4); 0,91% (5-11/4); 0,80% (12-18/4) e 0,66% (19-25/4).
Não custa lembrar: Os valores citados acima são médias semanais de uma taxa diária. Outra coisa: para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (uma semana depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos eles equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, consulte qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado (ver nota 3).
[8] É um erro imaginar que a saída para a crise será pavimentada pela campanha de vacinação, mesmo na hipótese de que ela saía do marasmo em que se encontra. Como alertei em artigos anteriores, os efeitos da vacinação só serão percebidos – na melhor das hipóteses – quando mais da metade dos brasileiros tiver sido vacinada. E tal não ocorrerá antes do segundo semestre. E mais: Devemos tomar cuidado com as armadilhas mentais que cercam a campanha de vacinação. Três das quais seriam as seguintes: (1) a imunização individual não é instantânea nem nos livra de continuar adotando as medidas de proteção social (e.g., distanciamento espacial e uso de máscara); (2) a imunização coletiva só será alcançada depois que a maioria (> 75%) da população tiver sido vacinada; e (3) a população brasileira é grande, de sorte que a campanha irá demorar vários meses (mais de um ano, talvez).
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Entre 19 e 25/4, essas taxas ficaram em 0,40% (casos) e 0,66% (mortes). Foi a segunda semana consecutiva em que ambas declinaram juntas, algo que não ocorria desde novembro. A taxa de crescimento no número de casos está a cair (ainda que de modo tortuoso) desde a primeira semana de março. O impacto de tal tendência estaria agora a se fazer notar na taxa de crescimento no número de mortes. Infelizmente, porém, os valores atuais ainda estão bem acima dos mínimos registrados entre outubro e novembro. No ritmo atual, o país irá contabilizar 16.506.147 casos e 491.150 mortes até o último domingo de maio (30/5).
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1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã desta segunda-feira (26/4) [1], eis um quadro da situação mundial.
(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados seguem a concentrar 78% dos casos (de um total de 147.272.345) e 81% das mortes (de um total de 3.111.298) [3].
(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 2,2%. A taxa brasileira segue em 2,7%. (Os outros três países da América do Sul que estão no topo da lista têm as seguintes taxas: Argentina, 2,2%, Colômbia, 2,6%, e Peru, 3,4%.)
(C) Nesses 20 países, 86,7 milhões de indivíduos receberam alta, o que corresponde a 75% dos casos. Em escala global, 110,4 milhões de indivíduos já receberam alta.
2. O RITMO ATUAL DA PANDEMIA NO PAÍS.
Ontem (25/4), de acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados em todo o país mais 32.572 casos e 1.305 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 14.340.787 casos e 390.797 mortes [4].
Em números absolutos, ambas as estatísticas declinaram em relação aos números da semana anterior (12-18/4).
Foram registrados 397.716 novos casos – uma queda de 14% em relação à semana anterior (461.048). Foi a 21ª semana com mais de 300 mil novos casos – 16 dessas semanas foram registradas em 2021.
E foram registradas, desgraçadamente, 17.462 mortes – também uma queda de 14% em relação à semana anterior (20.198). Foi a 23ª semana com mais de 7 mil mortes – 15 dessas semanas foram registradas em 2021.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os números absolutos e os percentuais referidos acima pouco ou nada dizem sobre o ritmo e o rumo da pandemia [5]. Por conta disso, sigo a usar como guia as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Vejamos os resultados mais recentes.
Em comparação com os valores da semana anterior (12-18/4), as médias da semana passada (19-25/4) mostraram tendências de queda (ver a figura que acompanha este artigo). Foi a segunda vez consecutiva em que ambas declinaram juntas, algo que não ocorria desde a primeira semana de novembro (2-8/11).
A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,48% (12-18/4) para 0,40% (19-25/4) – o menor percentual desde a segunda semana de novembro (8-15/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes caiu de 0,80% (12-18/4) para 0,66% (19-25/4) – a segunda queda sucessiva, algo que não ocorria desde a primeira semana de novembro (2-8/11) (ver a figura que acompanha este artigo) [6, 7]!
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FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 28/6/2020 e 25/4/2021. (Valores acima de 2% não são mostrados.) As médias mais baixas das duas séries (casos e mortes) foram observadas entre 11/10 e 8/11, razão pela qual o período é referido aqui como o ‘melhor mês’. Logo em seguida, porém, note como as duas nuvens de pontos experimentaram rupturas e mudaram de rumo. E note como o apagão que houve na divulgação das estatísticas, na segunda quinzena de dezembro, rebaixou artificialmente as duas trajetórias.
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4. CODA.
A taxa de crescimento no número de casos está a cair (ainda que de modo tortuoso) desde a primeira semana de março (1-7/3). O impacto de tal tendência estaria agora a se fazer notar na taxa de crescimento no número de mortes. Ocorre que os valores das duas taxas ainda estão bem acima dos mínimos registrados entre outubro e novembro (‘o melhor mês’ – ver a figura que acompanha este artigo). No ritmo atual, o país irá contabilizar 16.506.147 casos e 491.150 mortes até o último domingo de maio (30/5).
O recado para governadores, prefeitos e lideranças empresariais de boa-fé segue valendo e cabe em uma frase: A saída para a crise depende da adoção e da manutenção de medidas efetivas de proteção e confinamento [8].
Não custa frisar: Não é a vacinação que está a reduzir a taxa de crescimento no número de mortes. São as (frouxas) medidas de contenção que estão a reduzir a taxa de crescimento no número de casos. Brincar de ‘fase de transição’, portanto, como já estariam a fazer alguns governantes, só irá nos empurrar ladeira acima. De novo.
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Alguns países europeus (e.g., Suécia, Suíça e Espanha) insistem em não divulgar as estatísticas em feriados e fins de semana. A julgar pelo que informam os painéis, o comportamento da Suécia tem sido particularmente surpreendente e vexatório. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em seis grupos: (a) Entre 32 e 34 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 16 e 18 milhões – Índia; (c) Entre 14 e 16 milhões – Brasil; (d) Entre 4 e 6 milhões – França, Rússia, Turquia e Reino Unido; (e) Entre 2 e 4 milhões – Itália, Espanha, Alemanha, Argentina, Colômbia, Polônia, Irã, México e Ucrânia; e (f) Entre 1,5 e 2 milhões – Peru, Indonésia, Tchéquia e África do Sul.
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março, em escala mundial e nacional, ver os cinco volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Compare com as projeções e os comentários apresentados em artigos anteriores publicados neste GGN – ‘Balanço e projeções: No ritmo atual, o país irá contabilizar 390 mil mortes até 25/4’, em 22/3; e ‘O tecido social vem se esgarçando há anos, mas ainda não regredimos ao ‘É cada um por si’’, em 30/3; e ‘Como sair da crise?’, em 17/4.
[5] Arrisco dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira (grande parte dela, ao menos) se dê conta de que está monitorando a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e bastante superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março, em escala mundial e nacional, ver referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10 e 25/4, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,4% (26/10-1/11), 0,3% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,5% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,5% (29/3-4/4); 0,54% (5-11/4); 0,48% (12-18/4) e 0,40% (19-25/4); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4); 0,91% (5-11/4); 0,80% (12-18/4) e 0,66% (19-25/4).
Não custa lembrar: Os valores citados acima são médias semanais de uma taxa diária. Outra coisa: para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (uma semana depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos eles equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, consulte qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado (ver nota 3).
[8] É um erro imaginar que a saída para a crise será pavimentada pela campanha de vacinação, mesmo na hipótese de que ela saía do marasmo em que se encontra. Como alertei em artigos anteriores, os efeitos da vacinação só serão percebidos – na melhor das hipóteses – quando mais da metade dos brasileiros tiver sido vacinada. E tal não ocorrerá antes do segundo semestre. E mais: Devemos tomar cuidado com as armadilhas mentais que cercam a campanha de vacinação. Três das quais seriam as seguintes: (1) a imunização individual não é instantânea nem nos livra de continuar adotando as medidas de proteção social (e.g., distanciamento espacial e uso de máscara); (2) a imunização coletiva só será alcançada depois que a maioria (> 75%) da população tiver sido vacinada; e (3) a população brasileira é grande, de sorte que a campanha irá demorar vários meses (mais de um ano, talvez).
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