Corrida maluca: Quem é o segundo pior mandatário do país?
Felipe A. P. L. Costa [*].
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala global, já são 253 milhões de casos e 5,1 milhões de mortes. No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Ambas subiram na semana passada. Entre 8 e 14/11, essas taxas ficaram em 0,0505% (casos) e 0,0430% (mortes). É preocupante. E deveria fazer com que muitos dos nossos governantes (prefeitos e governadores) parassem para pensar nas bobagens que estão a promover. É imperioso manter as medidas de proteção, como o uso generalizado de máscaras, e, sobretudo, acelerar o ritmo da campanha de vacinação.
*
1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã desta segunda-feira (15/11) [1], eis um balanço momentâneo da situação mundial.
(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados estão a concentrar 76% dos casos (de um total de 253.442.315) e 76% das mortes (de um total de 5.103.223) [3].
(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 2%. A taxa brasileira segue em 2,8%. (Outros dois países da América do Sul que seguem no topo da lista têm taxas menores: Argentina, 2,2%; e Colômbia, 2,5%.)
(C) Nesses 20 países, receberam alta 174 milhões de indivíduos, o que corresponde a 90% dos casos. Em escala global, 230 milhões de indivíduos já receberam alta [4].
2. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados ontem (14/11) em todo o país mais 4.129 casos e 61 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 21.957.967 casos e 611.283 mortes.
Na semana encerrada ontem (8-14/11), foram registrados 77.528 novos casos – um aumento superior a 11% em relação ao total (69.584) da semana anterior.
Na semana encerrada ontem (8-14/11), foram registrados 77.528 novos casos – um aumento superior a 11% em relação ao total (69.584) da semana anterior.
E o pior: lamentavelmente, foram registradas 1.836 mortes – um aumento de 13% em relação ao total (1.623) da semana anterior.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Contrariando as tendências das três semanas anteriores, ambas as taxas subiram (ver a figura que acompanha este artigo). Vejamos os resultados mais recentes.
A taxa de crescimento no número de casos subiu de 0,0455% (1-7/11) para 0,0505% (8-14/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, subiu de 0,0381% (1-7/11) para 0,0430% (8-14/11).
FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 11/7 e 14/11/2021. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. As retas expressam a trajetória média de cada uma das taxas.
4. CODA.
Os valores das taxas (casos e mortes) subiram, interrompendo assim trajetórias declinantes que já duravam três semanas (ver a figura que acompanha este artigo).
É preocupante. E deveria fazer com que as autoridades (prefeitos e governadores) parassem para pensar nas bobagens que estão a promover.
O governo do Distrito Federal, por exemplo, resolveu suspender a divulgação de estatísticas nos fins de semana. (A mesma tolice que, semanas atrás, o governo de Minas Gerais havia anunciado que faria.) Não é só uma demonstração de preguiça, é também uma insanidade.
Mas há exemplos ainda piores.
Muitos governantes (prefeitos e governadores), por exemplo, estão querendo suspender de vez as medidas de proteção (e.g., o uso de máscara). (Eu diria que esses governantes estão em uma corrida maluca. Corrida cujos participantes são candidatos ao título de segundo pior mandatário em atividade no país.)
É uma irresponsabilidade. E um grave retrocesso. Veja o que se passa em Portugal e no Chile. Os dois países acabam de experimentar recrudescimentos na taxa de crescimento no número de casos, mesmo com percentuais de cobertura vacinal da população bem superiores aos nossos. E qual seria a razão de tais recrudescimentos? Não é difícil adivinhar – suspensão ou relaxamento das medidas de proteção (e.g., barreiras sanitárias e uso de máscara).
De resto, não custa repetir: Para vislumbramos de fato o ‘fim da pandemia’, é imperioso (1) manter as medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, (2) acelerar o ritmo da campanha de vacinação [8].
NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em sete grupos: (a) Entre 46 e 48 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 34 e 36 milhões – Índia; (c) Entre 20 e 22 milhões – Brasil; (d) Entre 8 e 10 milhões – Reino Unido, Rússia e Turquia; (e) Entre 6 e 8 milhões – França e Irã; (f) Entre 4 e 6 milhões – Argentina, Alemanha, Espanha, Colômbia, Itália e Indonésia; e (g) Entre 2 e 4 milhões – México, Ucrânia, Polônia, África do Sul, Filipinas e Malásia.
Analisando as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis como está a situação mundial: (i) em números absolutos, os EUA seguem na liderança, com 2,106 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Reino Unido (1,12 milhão de casos), Rússia (1,05 milhão), Turquia (755 mil) e Alemanha (674 mil). O Brasil (313 mil) está em oitavo lugar; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (37 mil); em seguida aparecem Rússia (31,3 mil), Ucrânia (16,9 mil), Índia (11,4 mil) e Romênia (11,3 mil). O Brasil (8 mil) segue em sexto lugar.
Em termos macrogeográficos, a região que mais preocupa hoje segue sendo o Leste Europeu. Ali, além de Rússia, Ucrânia e Polônia, as estatísticas de vários outros países ainda estão a escalar. Todavia, escaladas nas estatísticas (notadamente no número de casos) seguem sendo observadas em vários outras regiões da Europa – e.g., em países do oeste (e.g., Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Áustria) e do norte (e.g., Dinamarca, Noruega e Finlândia).
Relaxamento precoce. Com o aumento da cobertura vacinal, as estatísticas tendem (quase que inevitavelmente) a recuar. Em alguns casos, porém, tal resultado tem levado à adoção de medidas equivocadas e precipitadas – e.g., suspensão do uso de máscaras e relaxamento das barreiras sanitárias em portos e aeroportos. E aí acontece o que vem acontecendo: as estatísticas tornam a escalar. É o que estamos assistindo em países do oeste da Europa, por exemplo. Considere os casos de Portugal e do Chile (ver o texto).
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.
[5] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, em escala mundial e nacional, ver a referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10/2020 e 14/11/2021, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10), 0,0454% (11-17/10), 0,0562% (18-24/10), 0,0532% (25-31/10), 0,0455% (1-7/11) e 0,0505% (8-14/11); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10), 0,0539% (11-17/10), 0,0558% (18-24/10), 0,0513% (25-31/10), 0,0381% (1-7/11) e 0,0430% (8-14/11).
Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, está a oscilar ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referência citada na nota 3.
[8] O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (E hoje, 15/11, ainda estamos empacados nos 76%!) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).
Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Contrariando as tendências das três semanas anteriores, ambas as taxas subiram (ver a figura que acompanha este artigo). Vejamos os resultados mais recentes.
A taxa de crescimento no número de casos subiu de 0,0455% (1-7/11) para 0,0505% (8-14/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, subiu de 0,0381% (1-7/11) para 0,0430% (8-14/11).
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FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 11/7 e 14/11/2021. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. As retas expressam a trajetória média de cada uma das taxas.
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4. CODA.
Os valores das taxas (casos e mortes) subiram, interrompendo assim trajetórias declinantes que já duravam três semanas (ver a figura que acompanha este artigo).
É preocupante. E deveria fazer com que as autoridades (prefeitos e governadores) parassem para pensar nas bobagens que estão a promover.
O governo do Distrito Federal, por exemplo, resolveu suspender a divulgação de estatísticas nos fins de semana. (A mesma tolice que, semanas atrás, o governo de Minas Gerais havia anunciado que faria.) Não é só uma demonstração de preguiça, é também uma insanidade.
Mas há exemplos ainda piores.
Muitos governantes (prefeitos e governadores), por exemplo, estão querendo suspender de vez as medidas de proteção (e.g., o uso de máscara). (Eu diria que esses governantes estão em uma corrida maluca. Corrida cujos participantes são candidatos ao título de segundo pior mandatário em atividade no país.)
É uma irresponsabilidade. E um grave retrocesso. Veja o que se passa em Portugal e no Chile. Os dois países acabam de experimentar recrudescimentos na taxa de crescimento no número de casos, mesmo com percentuais de cobertura vacinal da população bem superiores aos nossos. E qual seria a razão de tais recrudescimentos? Não é difícil adivinhar – suspensão ou relaxamento das medidas de proteção (e.g., barreiras sanitárias e uso de máscara).
De resto, não custa repetir: Para vislumbramos de fato o ‘fim da pandemia’, é imperioso (1) manter as medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, (2) acelerar o ritmo da campanha de vacinação [8].
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em sete grupos: (a) Entre 46 e 48 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 34 e 36 milhões – Índia; (c) Entre 20 e 22 milhões – Brasil; (d) Entre 8 e 10 milhões – Reino Unido, Rússia e Turquia; (e) Entre 6 e 8 milhões – França e Irã; (f) Entre 4 e 6 milhões – Argentina, Alemanha, Espanha, Colômbia, Itália e Indonésia; e (g) Entre 2 e 4 milhões – México, Ucrânia, Polônia, África do Sul, Filipinas e Malásia.
Analisando as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis como está a situação mundial: (i) em números absolutos, os EUA seguem na liderança, com 2,106 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Reino Unido (1,12 milhão de casos), Rússia (1,05 milhão), Turquia (755 mil) e Alemanha (674 mil). O Brasil (313 mil) está em oitavo lugar; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (37 mil); em seguida aparecem Rússia (31,3 mil), Ucrânia (16,9 mil), Índia (11,4 mil) e Romênia (11,3 mil). O Brasil (8 mil) segue em sexto lugar.
Em termos macrogeográficos, a região que mais preocupa hoje segue sendo o Leste Europeu. Ali, além de Rússia, Ucrânia e Polônia, as estatísticas de vários outros países ainda estão a escalar. Todavia, escaladas nas estatísticas (notadamente no número de casos) seguem sendo observadas em vários outras regiões da Europa – e.g., em países do oeste (e.g., Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Áustria) e do norte (e.g., Dinamarca, Noruega e Finlândia).
Relaxamento precoce. Com o aumento da cobertura vacinal, as estatísticas tendem (quase que inevitavelmente) a recuar. Em alguns casos, porém, tal resultado tem levado à adoção de medidas equivocadas e precipitadas – e.g., suspensão do uso de máscaras e relaxamento das barreiras sanitárias em portos e aeroportos. E aí acontece o que vem acontecendo: as estatísticas tornam a escalar. É o que estamos assistindo em países do oeste da Europa, por exemplo. Considere os casos de Portugal e do Chile (ver o texto).
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.
[5] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, em escala mundial e nacional, ver a referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10/2020 e 14/11/2021, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10), 0,0454% (11-17/10), 0,0562% (18-24/10), 0,0532% (25-31/10), 0,0455% (1-7/11) e 0,0505% (8-14/11); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10), 0,0539% (11-17/10), 0,0558% (18-24/10), 0,0513% (25-31/10), 0,0381% (1-7/11) e 0,0430% (8-14/11).
Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, está a oscilar ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referência citada na nota 3.
[8] O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (E hoje, 15/11, ainda estamos empacados nos 76%!) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).
Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.
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