A vacinação, o uso de máscara e a luz no fim do túnel
Felipe A. P. L. Costa [*].
RESUMO. – Este artigo atualiza as estatísticas mundiais a respeito da pandemia da Covid-19 divulgadas em artigo anterior (aqui). Em escala global, já são 250 milhões de casos e 5,05 milhões de mortes. No caso específico do Brasil, o artigo também atualiza os valores das taxas de crescimento (casos e mortes). Ambas seguem em trajetórias declinantes. Entre 1 e 7/11, essas taxas ficaram em 0,0455% (casos) e 0,0381% (mortes). Este último é o valor mais baixo desde o início da pandemia. Mas não devemos nos iludir nem nos precipitar. É imperioso manter as medidas de proteção, como o uso generalizado de máscaras, e, sobretudo, acelerar o ritmo da campanha de vacinação. Dito isso, não há dúvida de que a verdade da vacinação está a derrotar as mentiras que semearam tantas mortes e tanto sofrimento entre nós. A luz no fim do túnel está próxima.
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1. UM BALANÇO DA SITUAÇÃO MUNDIAL.
Levando em conta as estatísticas obtidas na manhã desta segunda-feira (8/11) [1], eis um balanço momentâneo da situação mundial.
(A) Em números absolutos, os 20 países [2] mais afetados estão a concentrar 76% dos casos (de um total de 249.990.033) e 76% das mortes (de um total de 5.051.520) [3].
(B) Entre esses 20 países, a taxa de letalidade segue em 2%. A taxa brasileira segue em 2,8%. (Outros dois países da América do Sul que seguem no topo da lista têm taxas menores: Argentina, 2,2%; e Colômbia, 2,5%.)
(C) Nesses 20 países, receberam alta 172 milhões de indivíduos, o que corresponde a 91% dos casos. Em escala global, 227 milhões de indivíduos já receberam alta [4].
2. O RITMO DA PANDEMIA NO PAÍS.
De acordo com o Ministério da Saúde, foram registrados ontem (7/11) em todo o país mais 6.115 casos e 59 mortes. Teríamos chegado assim a um total de 21.880.439 casos e 609.447 mortes.
Na semana encerrada ontem (1-7/11), foram registrados 69.584 novos casos – uma queda de 14% em relação ao total (81.092) da semana anterior.
Lamentavelmente, porém, ainda foram registradas 1.623 mortes – uma queda de quase 26% em relação ao total (2.180) da semana anterior.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Ambas as taxas seguem em trajetórias declinantes (ver a figura que acompanha este artigo). Vejamos os resultados mais recentes.
A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,0532% (25-31/10) para 0,0455% (1-7/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0513% (25-31/10) para 0,0381% (1-7/11) [6, 7]. Este último é o valor mais baixo desde o início da pandemia.
FIGURA. Comportamento das médias semanais das taxas de crescimento no número de casos (pontos em azul escuro) e no número de óbitos (pontos em vermelho escuro) em todo o país (valores expressos em porcentagem), entre 11/7 e 7/11/2021. (Para resultados anteriores, ver aqui.) Note que alguns pares de pontos são coincidentes ou quase isso. As retas expressam a trajetória média de cada uma das taxas.
4. CODA.
Os valores das taxas (casos e mortes) seguem em trajetórias declinantes (ver a figura que acompanha este artigo). É uma boa notícia, em dúvida.
Mas não devemos nos iludir nem nos precipitar.
Em primeiro lugar, porque estamos atrasados. A taxa de crescimento no número de casos, por exemplo, já deveria estar próxima de 0,02% (ver aqui) – i.e., menos da metade do valor atual. No caso do número de mortes, a taxa já deveria estar abaixo de 0,02% – i.e., pouco mais da metade do valor atual.
Em segundo lugar, porque as tendências declinantes não são definitivas nem irreversíveis. Para vislumbramos de fato o ‘fim da pandemia’, é imperioso (1) manter as medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, (2) acelerar o ritmo da campanha de vacinação [8].
Dito isso, não há dúvida de que a verdade da vacinação está a derrotar as mentiras que semearam tantas mortes e tanto sofrimento entre nós. A luta pela vida e pelo bem comum está a derrotar os ególatras, os impostores e os malandros que mentem, torturam e matam.
A luz no fim do túnel está próxima.
NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em sete grupos: (a) Entre 46 e 48 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 34 e 36 milhões – Índia; (c) Entre 20 e 22 milhões – Brasil; (d) Entre 8 e 10 milhões – Reino Unido, Rússia e Turquia; (e) Entre 6 e 8 milhões – França; (f) Entre 4 e 6 milhões – Irã, Argentina, Espanha, Colômbia, Itália, Alemanha e Indonésia; e (g) Entre 2 e 4 milhões – México, Ucrânia, Polônia, África do Sul, Filipinas e Malásia.
Analisando as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis como está a situação mundial: (i) em números absolutos, os EUA seguem na liderança, com 2,114 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Reino Unido (1,154 milhão de casos), Rússia (993 mil), Turquia (789 mil), e Ucrânia (561 mil). O Brasil (304 mil) segue em nono lugar; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (40 mil); em seguida aparecem Rússia (29,7 mil), Ucrânia (14,3 mil), Romênia (11,3 mil) e Índia (10,3 mil). O Brasil (8,4 mil) está em sexto lugar.
Em termos macrogeográficos, a região que mais preocupa hoje segue sendo o Leste Europeu. Ali, além de Rússia, Ucrânia e Romênia, as estatísticas de vários outros países ainda estão a escalar. Todavia, escaladas nas estatísticas (notadamente no número de casos) estão sendo observadas em vários outras regiões da Europa – e.g., em países do oeste (e.g., Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Áustria) e do norte (e.g., Dinamarca, Noruega e Finlândia).
Relaxamento precoce. Com o aumento da cobertura vacinal, as estatísticas tendem (quase que inevitavelmente) a recuar. Em alguns casos, porém, tal resultado tem levado à adoção de medidas equivocadas e precipitadas – e.g., suspensão do uso de máscaras e relaxamento das barreiras sanitárias em portos e aeroportos. E aí acontece o que vem acontecendo: as estatísticas tornam a escalar. É o que estamos assistindo em países do oeste da Europa, por exemplo. Considere o caso de Portugal. Mesmo com a segunda maior cobertura vacinal de todo o mundo (em 1/11: ~89% da população vacinados com ao menos uma dose e ~87% vacinados com duas doses [sobre os percentuais, ver nota 8]), atrás apenas dos Emirados Árabes Unidos, a média móvel do número de casos por lá subiu nas últimas semanas. Algo semelhante ocorreu em outros países que estão à nossa frente em termos de cobertura vacinal, como o Chile (~86% e ~80%) e o Uruguai (~79% e ~75%).
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.
[5] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, em escala mundial e nacional, ver a referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10/2020 e 31/10/2021, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10), 0,0454% (11-17/10), 0,0562% (18-24/10), 0,0532% (25-31/10) e 0,0455% (1-7/11); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10), 0,0539% (11-17/10), 0,0558% (18-24/10), 0,0513% (25-31/10) e 0,0381% (1-7/11).
Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, está a oscilar ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referência citada na nota 3.
[8] O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (E hoje, 8/11, mal passamos dos 76%!) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).
Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.
Lamentavelmente, porém, ainda foram registradas 1.623 mortes – uma queda de quase 26% em relação ao total (2.180) da semana anterior.
3. TAXAS DE CRESCIMENTO.
Os percentuais e os números absolutos referidos acima ajudam a descrever a situação. Todavia, para monitorar o ritmo e o rumo da pandemia [5], sigo a usar as taxas de crescimento no número de casos e de mortes.
Ambas as taxas seguem em trajetórias declinantes (ver a figura que acompanha este artigo). Vejamos os resultados mais recentes.
A taxa de crescimento no número de casos caiu de 0,0532% (25-31/10) para 0,0455% (1-7/11) [6].
A taxa de crescimento no número de mortes, por sua vez, caiu de 0,0513% (25-31/10) para 0,0381% (1-7/11) [6, 7]. Este último é o valor mais baixo desde o início da pandemia.
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4. CODA.
Os valores das taxas (casos e mortes) seguem em trajetórias declinantes (ver a figura que acompanha este artigo). É uma boa notícia, em dúvida.
Mas não devemos nos iludir nem nos precipitar.
Em primeiro lugar, porque estamos atrasados. A taxa de crescimento no número de casos, por exemplo, já deveria estar próxima de 0,02% (ver aqui) – i.e., menos da metade do valor atual. No caso do número de mortes, a taxa já deveria estar abaixo de 0,02% – i.e., pouco mais da metade do valor atual.
Em segundo lugar, porque as tendências declinantes não são definitivas nem irreversíveis. Para vislumbramos de fato o ‘fim da pandemia’, é imperioso (1) manter as medidas de proteção (e.g., uso generalizado de máscaras) e, sobretudo, (2) acelerar o ritmo da campanha de vacinação [8].
Dito isso, não há dúvida de que a verdade da vacinação está a derrotar as mentiras que semearam tantas mortes e tanto sofrimento entre nós. A luta pela vida e pelo bem comum está a derrotar os ególatras, os impostores e os malandros que mentem, torturam e matam.
A luz no fim do túnel está próxima.
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NOTAS.
[*] Há uma campanha de comercialização em curso envolvendo os livros do autor – ver o artigo Ciência e poesia em quatro volumes. Para mais informações ou para adquirir (por via postal) os quatro volumes (ou algum volume específico), faça contato pelo endereço meiterer@hotmail.com. Para conhecer outros artigos e livros, ver aqui.
[1] Vale notar que certos países atualizam suas estatísticas uma única vez ao longo do dia; outros atualizam duas vezes ou mais; e há uns poucos que estão a fazê-lo de modo mais ou menos errático. Acompanho as estatísticas mundiais em dois painéis, Mapping 2019-nCov (Johns Hopkins University, EUA) e Worldometer: Coronavirus (Dadax, EUA).
[2] Os 20 primeiros países da lista podem ser arranjados em sete grupos: (a) Entre 46 e 48 milhões de casos – Estados Unidos; (b) Entre 34 e 36 milhões – Índia; (c) Entre 20 e 22 milhões – Brasil; (d) Entre 8 e 10 milhões – Reino Unido, Rússia e Turquia; (e) Entre 6 e 8 milhões – França; (f) Entre 4 e 6 milhões – Irã, Argentina, Espanha, Colômbia, Itália, Alemanha e Indonésia; e (g) Entre 2 e 4 milhões – México, Ucrânia, Polônia, África do Sul, Filipinas e Malásia.
Analisando as estatísticas (casos e mortes) das últimas quatro semanas, eis como está a situação mundial: (i) em números absolutos, os EUA seguem na liderança, com 2,114 milhões de novos casos; (ii) a lista dos cinco primeiros tem ainda os seguintes países: Reino Unido (1,154 milhão de casos), Rússia (993 mil), Turquia (789 mil), e Ucrânia (561 mil). O Brasil (304 mil) segue em nono lugar; e (iii) a lista dos países com mais mortes segue sendo encabeçada pelos EUA (40 mil); em seguida aparecem Rússia (29,7 mil), Ucrânia (14,3 mil), Romênia (11,3 mil) e Índia (10,3 mil). O Brasil (8,4 mil) está em sexto lugar.
Em termos macrogeográficos, a região que mais preocupa hoje segue sendo o Leste Europeu. Ali, além de Rússia, Ucrânia e Romênia, as estatísticas de vários outros países ainda estão a escalar. Todavia, escaladas nas estatísticas (notadamente no número de casos) estão sendo observadas em vários outras regiões da Europa – e.g., em países do oeste (e.g., Alemanha, Países Baixos, Bélgica e Áustria) e do norte (e.g., Dinamarca, Noruega e Finlândia).
Relaxamento precoce. Com o aumento da cobertura vacinal, as estatísticas tendem (quase que inevitavelmente) a recuar. Em alguns casos, porém, tal resultado tem levado à adoção de medidas equivocadas e precipitadas – e.g., suspensão do uso de máscaras e relaxamento das barreiras sanitárias em portos e aeroportos. E aí acontece o que vem acontecendo: as estatísticas tornam a escalar. É o que estamos assistindo em países do oeste da Europa, por exemplo. Considere o caso de Portugal. Mesmo com a segunda maior cobertura vacinal de todo o mundo (em 1/11: ~89% da população vacinados com ao menos uma dose e ~87% vacinados com duas doses [sobre os percentuais, ver nota 8]), atrás apenas dos Emirados Árabes Unidos, a média móvel do número de casos por lá subiu nas últimas semanas. Algo semelhante ocorreu em outros países que estão à nossa frente em termos de cobertura vacinal, como o Chile (~86% e ~80%) e o Uruguai (~79% e ~75%).
[3] Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, tanto em escala mundial como nacional, ver qualquer um dos três primeiros volumes da coletânea A pandemia e a lenta agonia de um país desgovernado, vols. 1-5 (aqui, aqui, aqui, aqui e aqui).
[4] Como comentei em ocasiões anteriores, fui levado a promover a seguinte mudança metodológica: as estatísticas de casos e mortes continuam a seguir o painel Mapping 2019-nCov, enquanto as de altas estão agora a seguir o painel Worldometer: Coronavirus.
[5] Ouso dizer que a pandemia chegará ao fim sem que a imprensa brasileira se dê conta de que está a monitorar a pandemia de um jeito, digamos, desfocado – além de burocrático e superficial. Para capturar e antever a dinâmica de processos populacionais, como é o caso da disseminação de uma doença contagiosa, devemos recorrer a um parâmetro que tenha algum poder preditivo. Não é o caso da média móvel. Mas é o caso da taxa de crescimento – seja do número de casos, seja do número de mortes. Para detalhes e discussões a respeito do comportamento da pandemia desde março de 2020, em escala mundial e nacional, ver a referência citada na nota 3.
[6] Entre 19/10/2020 e 31/10/2021, as médias semanais exibiram os seguintes valores: (1) casos: 0,43% (19-25/10), 0,40% (26/10-1/11), 0,30% (2-8/11), 0,49% (9-15/11), 0,50% (16-22/11), 0,56% (23-29/11), 0,64% (30-6/12), 0,63% (7-13/12), 0,68% (14-20/12), 0,48% (21-27/12), 0,47% (28/12-3/1), 0,67% (4-10/1), 0,66% (11-17/1), 0,59% (18-24/1), 0,57% (25-31/1), 0,49%(1-7/2), 0,46% (8-14/2), 0,48% (15-21/2), 0,53% (22-28/2), 0,62% (1-7/3), 0,59% (8-14/3), 0,63% (15-21/3), 0,63% (22-28/3), 0,50% (29/3-4/4), 0,54% (5-11/4), 0,48% (12-18/4), 0,4026% (19-25/4), 0,4075% (26/4-2/5), 0,4111% (3-9/5), 0,4114% (10-16/5), 0,4115% (17-23/5), 0,38% (24-30/5), 0,37% (31/5-6/6), 0,39% (7-13/6), 0,4174% (14-20/6), 0,39% (21-27/6), 0,27% (28/6-4/7), 0,2419% (5-11/7), 0,21% (12-18/7), 0,23% (19-25/7), 0,1802% (26/7-1/8), 0,1621% (2-8/8), 0,14% (9-15/8), 0,1444% (16-22/8), 0,1183% (23-29/8), 0,1023% (30/8-5/9), 0,0744% (6-12/9), 0,1625% (13-19/9), 0,0753% (20-26/9), 0,0775% (27/9-3/10), 0,0715% (4-10/10), 0,0454% (11-17/10), 0,0562% (18-24/10), 0,0532% (25-31/10) e 0,0455% (1-7/11); e (2) mortes: 0,3% (19-25/10), 0,26% (26/10-1/11), 0,21% (2-8/11), 0,3% (9-15/11), 0,29% (16-22/11), 0,3% (23-29/11), 0,34% (30-6/12), 0,36% (7-13/12), 0,42% (14-20/12), 0,33% (21-27/12), 0,36% (28/12-3/1), 0,51% (4-10/1), 0,47% (11-17/1), 0,48% (18-24/1), 0,48% (25-31/1), 0,44%(1-7/2), 0,47% (8-14/2), 0,43% (15-21/2), 0,48% (22-28/2), 0,58% (1-7/3), 0,68% (8-14/3), 0,79% (15-21/3), 0,86% (22-28/3), 0,86% (29/3-4/4), 0,91% (5-11/4), 0,80% (12-18/4), 0,66% (19-25/4), 0,60% (26/4-2/5), 0,51% (3-9/5), 0,45% (10-16/5), 0,43% (17-23/5), 0,40% (24-30/5), 0,35% (31/5-6/6), 0,4171% (7-13/6), 0,4175% (14-20/6), 0,33% (21-27/6), 0,30% (28/6-4/7), 0,23% (5-11/7), 0,23% (12-18/7), 0,20% (19-25/7), 0,1785% (26/7-1/8), 0,1613% (2-8/8), 0,1492% (9-15/8), 0,1367% (16-22/8), 0,1185% (23-29/8), 0,1062% (30/8-5/9), 0,07870% (6-12/9), 0,0947% (13-19/9), 0,0890% (20-26/9), 0,0840% (27/9-3/10), 0,0730% (4-10/10), 0,0539% (11-17/10), 0,0558% (18-24/10), 0,0513% (25-31/10) e 0,0381% (1-7/11).
Não custa lembrar: Os valores acima são as médias semanais de uma taxa que, por razões metodológicas, está a oscilar ao longo da semana. Para fins de monitoramento, é importante ficar de olho nas taxas de crescimento (casos e mortes), não em valores absolutos. Considere uma taxa de crescimento de 0,5%. Se o total de casos no dia 1 está em 100.000, no dia 2 estará em 100.500 (= 100.000 x 1,005) e no dia 8 (sete dias depois), em 103.553 (= 100.000 x 1,0057; um acréscimo de 3.553 casos em relação ao dia 1); se o total no dia 1 está em 4.000.000, no dia 2 estará em 4.020.000 e no dia 8, em 4.142.118 (acréscimo de 142.118); se o no dia 1 o total está em 10.000.000, no dia 2 estará em 10.050.000 e no dia 8, em 10.355.294 (acréscimo de 355.294). Como se vê, embora os valores absolutos dos acréscimos referidos acima sejam muito desiguais (3.553, 142.118 e 355.294), todos equivalem ao mesmo percentual de aumento (~3,55%) em relação aos respectivos valores iniciais.
[7] Sobre o cálculo das taxas de crescimento, ver referência citada na nota 3.
[8] O ritmo da campanha de vacinação caiu muitíssimo. Levamos 34 dias (24/8-27/9) para ir de 60% a 70% da população com ao menos uma dose da vacina. (E hoje, 8/11, mal passamos dos 76%!) Antes disso, porém, levamos 25 dias (9/7-3/8) para ir de 40% a 50% e apenas 21 dias (3-24/8) para ir de 50% a 60%. Sobre os percentuais, ver ‘Coronavirus (COVID-19) Vaccinations’ (Our World in Data, Oxford, Inglaterra).
Como escrevi em ocasiões anteriores, uma saída rápida para a crise (minimizando o número de novos casos e, sobretudo, o de mortes) dependeria de dois fatores: (i) a adoção de medidas efetivas de proteção e confinamento; e (ii) uma massiva e acelerada campanha de vacinação.
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