Sobre a sublevação que nas Minas houve em 1720
Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos.
Posto que das Minas, e seus moradores, bastava dizer o que dos do Ponto Euxino e da mesma região afirma Tertuliano: que é habitada de gente intratável, sem domicílio, e ainda que está em contínuo movimento, é menos inconstante que os seus costumes, os dias nunca amanhecem serenos: o ar é um nublado perpétuo; tudo é frio naquele país, menos o vício, que está ardendo sempre. Eu, contudo, reparando com mais atenção na antiga e continuada sucessão de perturbações que nelas se vêem, acrescentarei que a terra parece que evapora tumultos: a água exala motins; o ouro toca desaforos: destilam liberdades os ares; vomitam insolências as nuvens; influem desordem os astros: o clima é tumba da paz e berço da rebelião; a natureza anda inquieta consigo, e amotinada lá por dentro, é como no inferno.
Fonte (trechos em itálico): Rabêlo, J. M. 1997. Binômio: edição histórica. BH, Armazém de Idéias & Barlavento Grupo Editorial. Trecho extraído de documento (Discurso..., 1720) que é comumente atribuído a Pedro Miguel de Almeida Portugal e Vasconcelos (1688-1756), o 3º conde de Assumar.
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