Quando vós fordes bem velha
F. Ponce de León.
Este artigo oferece uma nova versão em português para um renomado soneto do poeta francês Pierre de Ronsard (1524-1585) [1].
Ao menos três versões foram publicadas antes [2].
A minha proposta aparece logo abaixo. O poema original, publicado em 1578, apareceu em postagem anterior [3].
UMA NOVA PROPOSTA DE TRADUÇÃO.
Quando vós fordes bem velha.
Pierre de Ronsard.
Quando vós fordes bem velha, à noite, à luz da vela,
Sentada perto do fogo, enrolando e fiando,
Direis, recitando meus versos e vos enlevando:
“Ronsard me celebrava ao tempo em que eu era bela”.
Então vós não tereis serva ouvindo tal novidade,
Já a labuta feita e meio sonolenta,
Que ao som do meu nome não fique atenta:
Bendizendo vosso nome, em louvor infindo.
Eu estarei sob a terra e, fantasma sem osso,
Entre as sombras do mirto terei meu repouso;
Vós sereis diante da lareira uma velha encolhida,
A lamentar meu amor e vosso fero desdém.
Vivei, se em mim crês, sem aguardar o que vem:
Colheis hoje – desde já – as rosas da vida.
*
NOTAS.
[1] Sobre o poeta, ver Carpeaux, O. M. 2011. História da literatura ocidental, vol. 1, 3ª ed. Brasília, Senado Federal.
[2] Duas versões – publicadas em 1950 e 1968, em traduções de Guilherme [de Andrade] de Almeida (1890-1968) e José Lino Grünewald (1931-2000), respectivamente – podem ser lidas aqui. A terceira – publicada em 1952, em tradução de Heitor P. Fróes (1900-1987) –, pode ser lida aqui.
[3] Há pequenas variações em um ou outro verso, a depender da edição consultada (e.g., v. 7: em vez de ‘mon non’, pode-se ler ‘Ronsard’). Uma instrutiva análise do poema (em inglês) pode ser lida aqui. Uma análise em vídeo (em francês) pode ser vista aqui.
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1 Comentários:
Muito bom meu camarada.
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