05 setembro 2023

Petróleo, picanha, soja e perdigotos: A receita brasileira para cozinhar o planeta

Felipe A. P. L. Costa [*].

RESUMO. – A crise climática ora em curso é fruto de um desequilíbrio: a transferência forçada de grandes quantidades de carbono oriundas de depósitos minerais milenares (parte do domínio dos fluxos lentos, onde estão 99,8% de todo o carbono encontrado na crosta terrestre) para a atmosfera (parte do domínio dos fluxos rápidos). O aquecimento global (leia-se: a intensificação de um processo natural que é o efeito estufa) pode ser descrito como o resultado de uma cascata de eventos: à medida que aumenta a quantidade de partículas em suspensão no ar, também aumentam o número de colisões (raios solares vs. partículas) e o tempo de retenção do calor. Reter calor por mais tempo implica em elevar a temperatura do ar, um fenômeno que vem sendo registrado em diferentes partes do mundo, em diferentes estações do ano. O desconforto térmico, a fome e a proliferação de doenças estão a se agravar. Mas nada é tão ruim que não possa piorar – veja, por exemplo, o caso do governo Temer. Manter os braços cruzados levará a um aquecimento global ainda mais intenso – o aquecimento pode facilmente se converter em cozimento global. É urgente e inadiável que os governos adotem medidas efetivas contra esse estado de coisas. As soluções existem e são conhecidas. Frear, reduzir e, por fim, zerar as emissões de gases-estufa (e.g., CO2 e CH4) é a saída mais sensata que temos ao nosso alcance. São ao menos dois tipos de medidas: (i) combater o desperdício e o excesso de consumo (e.g., eletricidade); e (ii) frear a anarquia econômica – digo: frear a ação daqueles agentes econômicos que seguem a emporcalhar a atmosfera, notadamente as petroleiras e o agronegócio (e.g., a monocultura extensiva e a pecuária).

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