20 setembro 2023

Todo brasileiro é otário?

F. Ponce de León

1.

Após um lapso de seis anos, eis que a Assembleia Geral da ONU tornou a ser aberta por um presidente brasileiro. (Como o leitor talvez já saiba, entre 2016 e 2022, o país esteve desprovido de presidente.)

2.

O discurso de abertura foi hoje (19/9). O discurso foi bem escrito e foi bem lido (ver aqui).

3.

Chamou a atenção o comportamento de um dos presentes, um moleque mimado e mal-educado: o presidente da Ucrânia.

4.

Aliás, o presidente brasileiro tem encontro marcado para amanhã (20/9) com esse criminoso de guerra (ver aqui). Deveria presentear o presidente da Ucrânia com uma enxada. O sujeito poderia se inspirar e, quem sabe, poderia começar a trabalhar a favor do bem-estar da população ucraniana.

5.

Ainda sobre o discurso, arrisco dizer que a grande imprensa brasileira – essa ficção nossa de todos os dias – irá distorcer ou irá relativizar o trecho em que o presidente fez uma defesa explícita da tão badalada liberdade de imprensa.

6.

No referido trecho, o presidente evocou a situação dramática do ativista e jornalista australiano Julian Assange, preso político que hoje está encarcerado em Londres (ver aqui). (Como o leitor talvez já saiba, o governo dos Estados Unidos reivindica a extradição do australiano. Quer ele próprio humilhá-lo, torturá-lo e matá-lo.)

7.

O ‘crime’ de Assange? Divulgar informes, sem filtros e sem distorções, envolvendo crimes praticados por agências do governo estadunidense. Coisa que nenhuma mídia brasileira jamais foi capaz de fazer.

8.

Por falar em mentiras e distorções, veja o caso do grupo Globo (jornal, rádio, TV etc.). (Muitos leitores talvez não saibam, mas a TV Globo foi durante muito tempo um verdadeiro antro de criminosos do mais baixo nível. Comparável talvez à CBF ou ao PL. Na segunda metade dos anos 1980, por exemplo, um dos melhores jornalistas da casa me confidenciou que, caso fosse proibido o consumo de cocaína dentro da sede da emissora, o tráfico de drogas na cidade do Rio de Janeiro iria à falência...)

9.

Sem abandonar aqui a pauta do consumo de drogas, cabe registrar que, a bem da verdade, o departamento de jornalismo da TV Globo jamais foi seriamente ameaçado por um departamento equivalente de alguma rede concorrente. É a tal história: a TV Globo é ruim, muito ruim, mas as concorrentes são ainda piores. (É vergonhoso ver, por exemplo, como a Record copia até mesmo as legendas já usadas ou ainda em uso pela Globo.)

10.

De resto, qual seria a maldição que impede que a Globo tenha correspondentes internacionais que saibam ler e escrever? Como é possível, por exemplo, que o escritório da emissora em NY seja habitado por profissionais tão ruins e tão fracos? Não sei bem a resposta, mas arriscaria dizer (e isso vale para todos os veículos) que a editoria de Esportes (leia-se: futebol) é a única que parece estar preocupada em contratar profissionais minimamente alfabetizados.

11.

Politica, Economia e Internacional, por exemplo, estão nas mãos de gente que demonstra ter o nível de raciocínio de um pé de maconha ou de gente que demonstra ter a integridade de uma bolha de sabão. Veja o caso daquele ‘comentarista político’ da Globo News, um conterrâneo meu que era viciado em apostas e ia à praia usando sunga de crochê. Ou considere o caso de um vizinho dele, aquele colunista do jornal O Globo que foi alçado à condição de presidente da ABL. (Como o leitor talvez já tenha percebido, a ABL é uma das edículas da TV Globo.)

12.

Não bastasse toda a miséria literária que essa gente promove, dia após dia, inundando o mercado brasileiro com garranchos tortuosos e mal pensados, sejam os garranchos frutos do trabalho deles ou de terceiros, essa turma vive a mentir, a omitir e a distorcer. Como é possível que essas falcatruas perdurem por tanto tempo? Assim de pronto, devo confessar que só uma resposta me vem à cabeça: Nós, brasileiros, somos todos uns otários.

* * *

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