17 junho 2024

Mente e cérebro

John Blundell

No final do século XVII [Franz] [Joseph] Gall (1758-1828), médico e um dos maiores neuro-anatomista de sua época, foi o primeiro a admitir que o cérebro era o local de origem de processos psicológicos. Nessa época a psicologia se restringia ao estudo da mente adulta e a tendência dominante era subdividir os processos mentais em faculdades separadas. Foi a partir da psicologia das faculdades com sua lista de 24 poderes ativos da mente (tais como o desejo de poder, gratidão e autoestima) e os seis poderes intelectuais (como a memória, julgamento e gosto moral) que Gall obteve originalmente sua lista de 27 poderes da mente, os quais ele procurou situar em 27 regiões do cérebro. Gall denominou sua tese de ciência da fisiognomonia ou craniologia, porém mais tarde Spurzheim adotou o termo frenologia.

Hoje, a doutrina da frenologia parece ingênua, mas cem anos atrás o entusiasmo de seus protagonistas assegurava à teoria a aceitação popular. Além disso, devemos lembrar de que o mecanismo contido nesses princípios tinha implicações importantes. A crença em que a protuberância do cérebro (e portanto do crânio também) indicaria um excesso de uma faculdade específica, enquanto que uma reentrância seria sinal da ausência de uma das faculdades. Essa crença significava que era teoricamente possível analisar a constituição mental de um indivíduo pelo exame da forma de seu crânio. Por conseguinte, podia-se constatar se um indivíduo era exageradamente ‘destrutivo’ ou ‘ganancioso’. As descobertas frenológicas eram consideradas suficientemente fidedignas para serem admitidas como provas legais nos Estados Unidos até meados do século XIX.

Fonte: Blundell, J. 1976 [1975]. Psicologia fisiológica. RJ, Zahar.

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