Resíduos, derivações, ações não lógicas
John H. Goldthorpe
Essas constantes ou ‘resíduos’ poderiam então, na sua opinião, ser considerados como manifestações diretas de sentimentos e deveriam ser vistos como a chave para a compreensão da ação não lógica.
Assim sendo, ele dedicou uma grande parte de seu tratado à sua descrição e classificação. Por exemplo, uma das classes era a de ‘resíduos de combinações’. Aqui, Pareto se escorava na tendência existente entre os homens para ligar umas coisas a outras, embora não possuam o conhecimento de qualquer elo estabelecido entre elas, lógica ou cientificamente: aqueles que acreditam em mágica relatam certos rituais como, por exemplo, para fazer chover; o astrólogo liga o horóscopo do indivíduo à sua vida futura: justamente como hoje se atribui o mau tempo aos sputniks ou aos testes das bombas H. A uma outra classe de resíduos Pareto deu o nome de ‘resíduos da persistência dos agregados’. Aqui ele tinha em mente as tendências para o conservantismo em pensamento que leva os homens a conservar complexos de crenças e atitudes muito depois de já ter desaparecido qualquer base racional para elas: os costumes e tradições sobrevivem mesmo que sejam manifestamente anacrônicos; os preconceitos e estereótipos que crescem a respeito de ideias, de pessoas ou coisas persistem até mesmo depois de terem sido cientificamente destruídos.
Fonte: Goldthorpe, J. 1971 [1969]. Vilfredo Pareto. In: Raison, T., org. Os precursores das ciências sociais. RJ, Zahar.
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