Perdição
Antônio Carlos Santini
Quando se apaga o Fogo, extinto o incenso,
Sobem as Sombras do mais fundo abismo:
O planeta estremece em cataclismo
E o próprio ar se torna turvo e denso.
Na treva, o coração se vê propenso
A dormir em sua cóclea de egoísmo,
Mas cada sístole desperta o sismo
Que abala a terra num tremor imenso.
Impera o Caos no vórtice dos deuses
E a inundação das lágrimas de Elêusis
Afoga o Panteão e o Coliseu...
E enquanto o Cosmo pulsa num espasmo,
Perplexo e confundido em seu marasmo,
O Homem se pergunta: – “Quem sou eu?”
Fonte: Horta, A. B. 2016. Do que é feito o poeta. Brasília, Thesaurus. Poema publicado em livro em 2012.
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