21 janeiro 2025

Banzo

Raimundo Correia

Visões que n’alma o céu do exílio incuba,
Mortais visões! Fuzila o azul infando...
Coleia, basilisco de ouro, ondeando
O Níger... Bramem leões de fulva juba...

Uivam chacais... Ressoa a fera tuba
Dos cafres, pelas grotas retumbando,
E a estralada das árvores, que um bando
De paquidermes colossais derruba...

Como o guaraz nas rubras penas dorme,
Dorme em nimbos de sangue o sol oculto...
Fuma o saibro africano incandescente...

Vai co’a sombra crescendo o vulto enorme
Do baobá... E cresce n’alma o vulto
De uma tristeza, imensa, imensamente...

Fonte (tercetos): Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema conheceu diferentes versões. A que é reproduzida aqui apareceu em livro em 1906.

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