03 agosto 2007

O universo numa casca de noz

Stephen Hawking

Eu poderia viver recluso numa casca de noz e me considerar rei do espaço infinito...Shakespeare, Hamlet, Ato 2, Cena 2.

Hamlet talvez quisesse dizer que embora nós, seres humanos, sejamos muito limitados fisicamente, nossas mentes estão livres para explorar todo o universo e para avançar audaciosamente para onde até mesmo Jornada nas estrelas teme seguir – se os maus sonhos permitirem.
[...]

A coisa mais óbvia sobre o espaço é que ele continua e continua e continua. Isso tem sido confirmado por modernos instrumentos, como o telescópio Hubble, que nos permite sondar profundamente o espaço. O que vemos são bilhões e bilhões de galáxias de várias formas e tamanhos. Cada galáxia possui incontáveis bilhões de estrelas, muitas com planetas à sua volta. Vivemos em um planeta que orbita uma estrela em um braço externo na galáxia espiral Via Láctea. [...]

Embora o universo pareça ser quase igual em cada posição do espaço, ele está definitivamente mudando no tempo. Isso foi percebido no início do século 20. Até então, pensava-se que o universo fosse essencialmente constante no tempo. Ele poderia ter existido por um tempo infinito, mas isso parecia levar a conclusões absurdas. Se as estrelas viessem irradiando por um tempo infinito, teriam aquecido o universo às suas temperaturas. Mesmo à noite, o céu inteiro seria tão brilhante quanto o Sol, porque toda linha de visão terminaria em uma estrela ou em uma nuvem de poeira que teria sido aquecida até que ficasse tão quente quanto as estrelas.

A observação que todos fazemos, de que o céu à noite é escuro, é muito importante. Isso significa que o universo não pode ter sempre existido no estado que vemos atualmente. Algo deve ter acontecido no passado para fazer as estrelas se acenderem a um tempo finito, o que significa que a luz de estrelas muito distantes ainda não teve tempo de nos alcançar. Isso explicaria porque o céu noturno não brilha em todas as direções.
[...]

Fonte: Hawking, S. 2002. O universo numa casca de noz, 2a edição. São Paulo, Mandarim.

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