18 novembro 2007

Auto-soneto

Pablo Antonio Cuadra

Poeta chamam ao ser por mim cumprido.
Levo mundo em meus pés ultravagantes.
Um pássaro nas veias. E ao ouvido
Um anjo de conselhos inquietantes.

Se quixotesco, ao que meu apelido
– Cuadra – me enviai: questor de rocinantes,
assim terá pretextos cavalgantes
meu interior ginete enlouquecido.

Sou o que fui. Como homem, verdadeiro.
Sonhador, como poeta, e estreleiro.
Como cristão, de espinhos coroado.

E pois que a morte ao cabo a tudo vence,
Pablo Antonio, à tua cruz entrelaçado
suba em flor teu cantar nicaragüense.

Fonte: Bandeira, M. 2007. Estrela da vida inteira. RJ, Nova Fronteira. Poema originalmente publicado em 1938.

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