O falcão
Gerard Manley Hopkins
A Cristo Nosso Senhor
Eis que avistei esta manhã o amado da manhã, delfim do reino
da luz do dia, Falcão arrebatado pela aurora mosqueada, em seu cavalgar
No ar encapelado que, sob ele, firme se alisa, e ao galgar
Tanta altura, como se eleva espiralando, preso às rédeas de uma asa ondulante,
Em seu êxtase! E então lá vai, lá vai balouçante
Qual pé de patim macio desliza em arco retesado; o arremesso, o planar
Afrontam a ventania. Meu coração escondido, em sigilo,
Batia pelo pássaro – o alcance, a mestria daquilo!
Beleza bruta, bravura, ação, oh! altanaria, plumas, amplidão –
Aqui concentrai-vos! E a fagulha que então de ti irromper, um bilhão
De vezes mais amorável, mais temível, Ó meu paladino!
Nem surpreende: ao arar paciente, o arado lá sob o sulco contínuo
Faísca; e o borralho azul-pálido, ah! meu tesouro,
Ao tombar atrita-se, e abre-se em talhos vermelho-e-ouro.
Fonte: Hopkins, G. M. 1989. Poemas. SP, Companhia das Letras. Poema originalmente publicado em 1918.
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