A uma dama
Gregório de Matos
Vês esse Sol de luzes coroado?
Em pérolas a Aurora convertida?
Vês a Lua, de estrelas guarnecida?
Vês o Céu, de planetas adornado?
O Céu deixemos: vês naquele prado
A rosa com razão desvanecida?
A açucena por alva presumida?
O cravo por galã lisonjeado?
Deixa o prado: vem cá, minha adorada:
Vês desse mar a esfera cristalina
Em sucessivo aljôfar desatada?
Parece aos olhos ser de prata fina...
Vês tudo isto bem? Pois tudo é nada
À vista do teu rosto, Catarina.
Fonte: Spina, S. 1995. A poesia de Gregório de Matos. SP, Edusp.
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