Os olhos colheram o fogo das paisagens
Salette Tavares
Os olhos colheram o fogo das paisagens
o vasto do rio
o oceano
o porto
o rosto do casario.
Os dedos teceram o tempo longo
emaranharam os dias com os anos
e as luzes de várias horas decorridas.
Despido o cansaço o peso
cresceu a febre das rosas
das laranjeiras. Frutos muitos
encheram de aroma
a terra regada
a relva encharcada
as paredes ressumando água.
A vida toda para receber a morte
ao sol duro, e forte.
Fonte: Silva, A. C. & Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema originalmente publicado em 1992.
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