30 setembro 2008

Átomos em movimento

Richard Feynman

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Se um pedaço de aço ou de sal, constituído de átomos uns juntos aos outros, podem ter propriedades tão interessantes; se a água – que não passa dessas pequenas bolhas, quilômetro após quilômetro da mesma coisa sobre a Terra – pode formar ondas e espuma e rumorejar e formar padrões estranhos ao fluir sobre o cimento; se tudo isso, toda a vida de uma corrente d’água pode não passar de uma pilha de átomos, quão mais é possível? Se em vez de dispor os átomos em certo padrão definido, repetidamente e para todo o sempre, ou mesmo formar pequenos blocos de complexidade como o odor de violetas, fizermos um arranjo que é sempre diferente de lugar para lugar, com diferentes tipos de átomos dispostos de várias maneiras e em constante mudança, sem se repetir, quão mais maravilhosamente será possível que essa coisa se comporte? É possível que aquela “coisa” que anda para lá e para cá diante de você, conversando com você, seja uma grande massa desses átomos em um arranjo tão complexo que confunda a imaginação quanto ao que pode fazer? Quando dizemos que somos uma pilha de átomos, não queremos dizer que somos meramente uma pilha de átomos, porque uma pilha de átomos que não se repete de uma para a outra poderia muito bem ter as possibilidades que você vê diante de si no espelho.
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Fonte: Feynman, R. P. 1999 [1995]. Física em seis lições, 3ª edição. RJ, Ediouro.


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