Ruínas
Faria Neves Sobrinho
Ruínas de um templo: pórticos fendidos,
Muros por terra, pedras amontoadas
Sobre outras pedras, mármores partidos,
Altares nus, colunas derrocadas.
Sobre os velhos escombros denegridos,
– Polvos – as heras, verdes e esgalhadas,
Entrelaçam tentáculos torcidos,
Braços recurvos, caudas enroscadas.
Minh’alma é um templo em ruínas: desabaram,
Foram por terra as ilusões e os sonhos...
E, hoje, sobre os destroços que ficaram,
Na agonia dos males sem remédio,
A enlaçá-los, contorcem-se os medonhos,
Formidáveis tentáculos do tédio.
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema originalmente publicado em 1911.
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