17 outubro 2008

Ruínas

Faria Neves Sobrinho

Ruínas de um templo: pórticos fendidos,
Muros por terra, pedras amontoadas
Sobre outras pedras, mármores partidos,
Altares nus, colunas derrocadas.

Sobre os velhos escombros denegridos,
– Polvos – as heras, verdes e esgalhadas,
Entrelaçam tentáculos torcidos,
Braços recurvos, caudas enroscadas.

Minh’alma é um templo em ruínas: desabaram,
Foram por terra as ilusões e os sonhos...
E, hoje, sobre os destroços que ficaram,

Na agonia dos males sem remédio,
A enlaçá-los, contorcem-se os medonhos,
Formidáveis tentáculos do tédio.

Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 5. SP, Cultrix & Edusp. Poema originalmente publicado em 1911.

0 Comentários:

Postar um comentário

<< Home

eXTReMe Tracker