Morrer... dormir
Francisco Otaviano
Morrer... dormir... não mais! Termina a vida,
E com ela terminam nossas dores;
Um punhado de terra, algumas flores,
E, às vezes, uma lágrima fingida!
Sim! minha morte não será sentida;
Não deixo amigos, e nem tive amores!
Ou, se os tive, mostraram-se traidores,
– Algozes vis de uma alma consumida.
Tudo é podre no mundo! Que me importa
Que ele amanhã se esboroe e que desabe,
Se a natureza para mim é morta!
É tempo já que o meu exílio acabe...
Vem, pois, ó Morte, ao Nada me transporta!
Morrer... dormir... talvez sonhar... quem sabe?
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 2, 2ª edição. SP, Cultrix & Edusp. Poema originalmente publicado em 1881.
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