28 novembro 2008

A queda da Casa de Usher

Edgar Allan Poe

Agora eu estava num beco sem saída. Estava ali, a cavalo, atravessando, sozinho, uma região isolada e triste. Trouxera comigo a disposição de passar uma temporada com Roderick Usher, que tinha sido um dos meus alegres companheiros de infância. Mas já fazia muito tempo que não nos víamos. Para ser franco, nem me lembrava muito dele. Por isso mesmo, espantava-me a pressa com que eu atendera seu pedido para que o visitasse. Sua carta inteira era um apelo. A própria letra já evidenciava uma grande agitação nervosa. E assim todo o conteúdo da carta. Pedia-me Usher que viesse fazer-lhe um pouco de companhia. Falava de uma enfermidade física e de uma perturbação mental. Esperava que pudesse aliviar um pouco os seus males com minha jovialidade. Estava muito só. Precisa de mim. E, nesse tom, tudo isso e muito mais fora dito. Nem pensei duas vezes. Embarquei logo. E, agora, eis-me num beco sem saída. Tudo ali naquele lugar me dava arrepios. E, durante um dia inteiro, passei eu a cavalo à procura da casa de Usher.
[...]

Fonte: Poe, E. A. 1996. Histórias extraordinárias de Allan Poe, 9ª edição. RJ, Ediouro. Conto originalmente publicado em 1839.

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