Coisas e processos
C. H. Waddington
Uma cosmovisão comum é a de que o mundo consiste essencialmente de coisas, e que quaisquer alterações que notamos são realmente secundárias, provindo da maneira como as coisas interagem entre si. A sua alternativa é que o mundo consiste de processos, e que as coisas que discernimos não passam de quadros isolados de um filme. Estas alternativas remontam aos mais antigos filósofos gregos, que viveram antes de Sócrates (cerca de 500-600 AC).
A representação por ‘coisas’ é geralmente associada ao nome de Demócrito, que de fato usou o nome de ‘átomo’ para designar as coisas básicas – coisinhas invisíveis, mínimas, imutáveis e invariáveis de algo que se poderia chamar matéria, embora não fossem exatamente aquilo que um químico ou físico atual chamaria de átomo.
O porta-voz clássico do outro ponto de vista era Heráclito, que afirmava ser a característica essencial das coisas elas estarem sempre em processo de mudança, tal qual uma chama, à qual aflui o combustível, aí queima, e da qual saem os gases quentes. Nunca podes pisar no mesmo rio por duas vezes, disse Heráclito, porquanto a água flui; quando nele entrares amanhã, não será a mesma água de hoje.
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Fonte: Waddington, C. H. 1979 [1977]. Instrumental para o pensamento. BH & SP, Itatiaia & Edusp.
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