22 junho 2010

Filosofia zoológica

Jean-Baptiste de Lamarck

7.
[...]

Primeira lei

Em cada animal, que não passou o limite de seu desenvolvimento, o uso mais freqüente e contínuo de qualquer órgão gradualmente fortifica, desenvolve e aumenta esse órgão, dando-lhe força proporcional ao tempo em que foi usado; assim como o desuso permanente de qualquer órgão imperceptivelmente o enfraquece e deteriora, diminuindo, progressivamente, a sua capacidade funcional até que, finalmente, desaparece.

Segunda lei

Todas as aquisições ou perdas feitas pela natureza nos indivíduos, através da influência do ambiente em que sua raça foi colocada durante longo tempo, e, portanto, através da influência do uso predominante ou do desuso permanente de qualquer órgão, são preservadas pela reprodução nos novos indivíduos que surgem, contanto que as modificações adquiridas sejam comuns aos dois sexos ou, pelo menos, aos indivíduos que produzem as crias.
[...]

É interessante observar o resultado do hábito na forma e no tamanho peculiares à girafa (camelo-pardalis): esse animal, o maior dos mamíferos, mora no interior da África em lugares onde o solo quase sempre é árido e estéril, de maneira que é obrigado a pastar nas folhas das árvores e a fazer esforços constantes para alcançá-las. Desse hábito longamente mantido resultou as patas dianteiras tornarem-se mais compridas que as traseiras e o pescoço espichar de tal modo que a girafa, sem se levantar nas pernas traseiras, atinge uma altura de seis metros.
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Fonte: Hardin, G., org. 1967. População, evolução & controle da natalidade. SP, Companhia Editora Nacional & Edusp. Texto publicado em livro em 1809.

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