25 setembro 2010

Soneto de fidelidade

Vinicius de Moraes

De tudo, ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.

Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento.

E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama

Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.

Fonte: encarte que acompanha o volume ‘Vinícius de Moraes’, da coleção Nova História da Música Popular Brasileira, 2ª edição (1977). Poema originalmente publicado em livro em 1957.


1 Comentários:

Blogger Renata Macedo disse...

"E em seu louvor hei de espalhar meu canto"
Louvemos então :)
Adoro Vinícius... Quero essa poesia pra viver melhor.

3/10/10 12:35  

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