Os gatos
Regina de Alencar
É meia noite. Os gatos, no telhado
Não me deixam dormir um só instante,
Soltando pelos ares seu miado
Agudo, mentiroso, suplicante.
Dona Ursa acaricia o bem-amado,
Romão carinhos faz à sua amante.
E este prazer tão grande é proclamado
No seu grito infernal, luxuriante.
Ouvindo perto este miado agudo
Eu sinto inveja do casal ditoso...
E se pudesse dispensava tudo
Por esse instante venturoso e grato,
E gritaria a todos o meu gozo
Como faz no telhado um simples gato.
Fonte: Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 6. SP, Cultrix & Edusp. Poema publicado em livro em 1922. ‘Regina de Alencar’ é um pseudônimo de Eduardo de Faria.
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