Teoria ou profissão de fé?
Michael Löwy
A teoria da revolução permanente constitui o equivalente moderno mais próximo do que há alguns séculos [...] se chamava uma “heresia”, isto é, um conjunto de idéias (teoria ou “profissão de fé”) consideradas como desagradáveis, inoportunas, subversivas e perigosas pelos detentores do monopólio institucional do poder ideológico. Tal como os heréticos do passado – por exemplo, os albigenses no sul da França – os partidários da revolução permanente na URSS foram primeiro excomungados e em seguida submetidos a uma campanha de extermínio sistemático. Os tribunais da GPU, versão moderna dos tribunais da Inquisição, se encarregaram desta tarefa, assim como de extorquir dos acusados confissões de culpa, autocríticas e retratações. Os livros, brochuras e folhetos contendo a doutrina herética foram colocados no Index Librorum Prohibitorum e destruídos, exatamente como nos bons velhos tempos do Santo Ofício. Quanto aos dirigentes heréticos, em vez da fogueira tiveram direito a uma bala na nuca (ou um golpe de picareta, conforme o caso) – o que representa sem dúvida um progresso do ponto de vista da humanização do massacre.
[...]
Fonte: Löwy, M. 1994. A revolução permanente: teoria ou profissão de fé? In: O. Coggiola, org. Trotsky hoje. SP, Ensaio. Trecho de uma obra de Trotsky está aqui.
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