A blusa amarela
Vladimir Maiakóvski
Do veludo de minha voz
Umas calças pretas mandarei fazer.
Farei uma blusa amarela
De três metros de entardecer.
E numa Nevski mundial com passo pachola
Todo dia irei flanar qual D. Juan frajola.
Deixai a terra gritar amolengada de sono:
Deixai a terra gritar amolengada de sono:
“Vais violar as primaveras verdejantes!”
Rio-me, petulante, e desafio o sol!
“Gosto de me pavonear pelo asfalto brilhante!”
Talvez seja porque o céu está tão celestial!
Talvez seja porque o céu está tão celestial!
E a terra engalanada tornou-me minha amante
Que lhes ofereço versos alegres como um carnaval
Agudos e necessários como um estilete pros dentes.
Mulheres que amais minha carcaça gigante
Agudos e necessários como um estilete pros dentes.
Mulheres que amais minha carcaça gigante
E tu, que fraternalmente me olhas, donzela.
Atirai vossos sorrisos ao poeta
Que, como flores, eu os coserei
À minha blusa amarela!
Fonte: Maiakóvski. 2006. Vida e poesia. SP, Martin Claret. Poema publicado em 1913.
Fonte: Maiakóvski. 2006. Vida e poesia. SP, Martin Claret. Poema publicado em 1913.
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