04 fevereiro 2012

Passou o outono


Passou o outono já, já torna o frio...
– Outono de seu riso magoado.
Álgido inverno! Oblíquo o sol, gelado...
– O sol, e as águas límpidas do rio.

Águas claras do rio! Águas do rio,
Fugindo sob o meu olhar cansado,
Para onde me levais meu vão cuidado?
Aonde vais, meu coração vazio?

Ficai, cabelos dela, flutuando,
E, debaixo das águas fugidias,
Os seus olhos abertos e cismando...

Onde ides a correr, melancolias?
– E, refractadas, longamente ondeando,
As suas mãos translúcidas e frias...

Fonte: Figueiredo, C. 2004. 100 poemas essenciais da língua portuguesa. BH, Editora Leitura. Poema publicado em livro em 1920, com a dedicatória “A Abel Aníbal de Azevedo”.

1 Comentários:

Blogger Unknown disse...

Muito lindo teu blog... Se a poesia (e a literatura) salva as pessoas, também creio que possa salvar o mundo.

5/2/12 14:04  

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