Solidão
Abgar Renault
O rio se entristece sob a ponte.
Substância de homem na torrente escura
flui, enternecimento ou desventura,
misturada ao crepúsculo bifronte.
Antes que débil lume além desponte,
a sombra, que se apressa, desfigura
e apaga o casario em sua alvura
e a curva esquiva e sábia do horizonte.
Os bois fecham nos olhos os arados,
o pasto, a hora que tomba das subidas.
Dorme o ocaso, pastor, entre as ovelhas.
Sobem névoas dos vales fatigados
e das árvores já enoitecidas
pendem silêncios como folhas velhas.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya.
0 Comentários:
Postar um comentário
<< Home