10 janeiro 2013

Vida e obra de George R. Price (1922-1975)


Em termos estritamente biológicos, o altruísmo pode ser entendido como um padrão de comportamento no qual a ação de um indivíduo resulta em benefícios para um segundo indivíduo, mesmo quando isso implica prejuízo imediato ao praticante da ação. Há uma rica e variada literatura de divulgação sobre o assunto, também em português – por exemplo, A formiga e o pavão (Cronin, 1995), O animal moral (Wright, 1996) e As origens da virtude (Ridley, 2000).

Em 2010, a editora nova-iorquina W. W. Norton lançou The price of altruism (O preço do altruísmo), o último livro de Oren Harman, historiador da ciência e professor universitário em Israel. Trata-se de uma biografia do cientista estadunidense George Price, tendo como pano de fundo a história dos estudos sobre o altruísmo, desde meados do século 19 aos dias de hoje.

O grande mérito do livro de Harman e, penso eu, a razão do seu sucesso, é seu personagem central. A despeito de feitos científicos notáveis e de uma trajetória de vida das mais intrigantes, Price segue sendo um personagem virtualmente desconhecido, não só do público leigo em geral, mas dentro da própria comunidade científica. Afinal, quem foi George Price e que legado ele nos deixou?

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O químico George Robert Price nasceu em Nova York, em 6 de outubro de 1922, e faleceu em Londres, na primeira semana de janeiro de 1975. Estudou na Universidade de Chicago, onde concluiu a graduação em química (1943) e uma pós-graduação (1946). Durante a Segunda Guerra Mundial, trabalhou no chamado Projeto Manhattan, empreendimento científico-militar do governo dos EUA que estava desenvolvendo a primeira bomba atômica. Foi lá que conheceu Julia Madigan, com quem se casou em 1947. O casal teve duas filhas, mas se divorciou em 1955.

Em 1966, Price foi operado para remoção de um câncer na tireoide. A cirurgia deixou sequelas – um de seus ombros ficou parcialmente paralisado. Em novembro de 1967, com o dinheiro que recebeu do seguro-saúde, largou o confortável emprego que tinha na época e mudou-se sozinho para Londres. Estudou por conta própria sobre vários assuntos ao mesmo tempo, atrás de inspiração. Terminou fixando sua atenção na teoria evolutiva. Ficou particularmente interessado em questões relacionadas ao altruísmo – afinal, se a seleção natural é o principal ‘motor’ da evolução, não deveria o egoísmo biológico ser um fenômeno ainda mais evidente e universal? Como explicar o surgimento e a manutenção do cuidado parental em tantas espécies animais? Mais especificamente, como o cuidado parental poderia ter-se estabelecido na espécie humana? Como explicar a origem de grupos familiares?
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Fonte: Costa, F. A. P. L. 2012. O preço do altruísmo. História, Ciências, Saúde – Manguinhos 19(4): 1352-5. Um PDF do artigo (~60 kb) pode ser capturado aqui.

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