A morte do sol
Sosígenes Costa
Chovem lilases. Pôr de sol. Em frente
a mata é de nanquim. Passam de lado,
no rodapé vermelho do ocidente,
carros de rum de papel pintado.
É ali que o sol vai ser decapitado
para que à noite, Salomé dolente,
baile. Não há quem tanta dor aguente,
em mar de roxos e cinzentos nado.
No poente degola-se. – Quem morre?
Ninguém responde. Unicamente escorre
a golfada de sangue do arrebol.
E de Herodes fantástico soldado
põe na salva do ocaso ensanguentado
a cabeça de São João do sol.
Fonte: Nejar, C. 2011. História da literatura brasileira. SP, Leya. Poema publicado em livro em 1959.
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