04 junho 2013

Introdução ao pensar

Arcângelo R. Buzzi

Foi Parmênides, filósofo grego, quem por primeiro definiu a filosofia como investigação ou pesquisa do ser.

A palavra ser é um termo abstrato que recolhe em si a totalidade das coisas. Abstrato significa elaborado pela experiência no trato das coisas. A palavra ser contém assim uma ciência, uma intuição originária, que possibilita ao homem viver as experiências numa unidade significativa superior.

O homem só é em contato com a realidade. Vive da comunhão e do comércio com ela. O humano é essencialmente indigência, não é auto-suficiente, precisa do que não é ele para crescer, para vir à sua identidade. Para existir deve pois entregar-se ao que não é ele. Não pode eximir-se dessa contingência.

Em seu arquétipo último o homem é qual árvore que dialoga e se comunica com a terra que não é ela. Como a árvore, o homem cresce, vem à sua auto-realização, na medida em que se instaura nesse colóquio de comunhão com o que não é ele.

À diferença da árvore, porém, o homem está nesse diálogo em níveis de compreensão diversos. Pode designar ou dar nome às coisas que perfazem a realidade. Ele está na imanência do mundo e o vive na claridade do ser: na luz do conhecimento.

Há um conhecimento prático, pelo qual o homem sabe o que fazer com a realidade. É o saber de uso ou de serventia das coisas. Nesse nível de saber as coisas aparecem inconfundíveis e bastante bem definidas, a ponto de receberem nomes próprios que as diferenciam umas das outras: casa, pedra, rio, sol, cavalo, formiga, pinheiro. É a ‘aparência transcendental’ lógica do mundo.
[...]

Fonte: Buzzi, A. R. 1978. Introdução ao pensar, 7ª edição. Petrópolis, Vozes.

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