08 dezembro 2013

O renascimento das ciências

Pedro Dalle Nogare

Esta consciência nova, que leva os humanistas a não considerar mais a natureza somente como espelho das perfeições divinas, mas também como um campo de experimentação e de atividade do homem, marca os albores da ciência moderna. Se o homem pode conhecer tudo, se ele é microcosmo, ele deve poder penetrar os segredos da natureza e agir sobre ela.

E não precisa para isso de qualquer autoridade, que religiosa, quer filosófica. No estudo da natureza, em lugar da autoridade, deve-se tomar como guia a experiência. É a tese do primeiro filósofo renascentista da natureza: Bernardino Telesio [1509-1588], que escreve o livro Da Natureza do Mundo segundo seus próprios Princípios. Isto é, ele quer explicar a natureza segundo suas energias e elementos constitutivos, aquém de qualquer concepção teológica ou filosófica ou cabalística.

O ideal, naturalmente, não é só saber, mas é saber para poder. O homem da Idade Média era como uma criança que olhava a máquina do mundo com admiração, mas também com um complexo de impotência diante dela. O homem da Renascença se tornou mais esperto. Quer conhecer a máquina por dentro, ver como ela funciona, para poder manobrá-la a seu bel prazer.
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Fonte: Nogare, P. D. 1977. Humanismos e anti-humanismos, 4ª edição. Petrópolis, Vozes.

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