Boca de fonte, ó boca providente
Rainer Maria Rilke
Boca de fonte, ó boca
providente,
que infatigável diz o Um,
o Puro –
defronte do semblante de
água múrmuro,
tu, máscara de mármore. E
a nascente
dos
aquedutos lá ao longe, nas
encostas apeninas, junto
às tumbas,
de onde eles trazem-te o
dizer que das
tuas vetustas fauces
negras tomba
na bacia: uma orelha
adormecida,
uma orelha de mármore,
guarida
em que vertes o intérmino
dizer.
Uma orelha da terra que
só fala
consigo. Se uma bilha se
intercala,
parece-lhe que a vens
interromper.
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