17 julho 2015

A idéia nova

Valentim Magalhães

Abisma o teu olhar no azul do firmamento;
Devassa o velho Olimpo e o velho céu cristão:
À serena altivez do seu deslumbramento
A indagadora vista elevarás em vão!

Está deserto o céu! No grande isolamento
Palpita, ensangüentado, o sol – um coração...
Mas os deuses de Homero, o Jeová sangrento,
Alá e Jesus Cristo, os deuses onde estão?

Morreram. Era tempo. Agora encara a terra:
Ressoa alegre a forja e sai da escola um hino.
O Gênio enterra o Mal em uma negra cova.

Deus habita a consciência. O coração descerra
Aos ósculos do Bem o cálix purpurino.
Vem perto a Liberdade. É isto a Idéia Nova.

Fonte (estrofes 2-4): Martins, W. 1978. História da inteligência brasileira, vol. 4. SP, Cultrix & Edusp. Poema – com a dedicatória ‘A Barros Cassal’ – publicado em livro em 1879.

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