A marca criativa do jornal
Célio Apolinário
Aprendi bem cedo no Binômio, pois era muito jovem quando
cheguei lá, que nada podia ser burocrático e rotineiro no jornal. O Wander,
editor-chefe, me deu uma verdadeira bronca quando surgi na redação com a foto
de um mendigo dormindo na calçada, que pensei que fosse formidável, mas que era
igual a milhares de outras publicadas por aí.
– Olha, disse o Wander.
Vá lá e faz dez vezes o trabalho e vê se traz alguma coisa diferente. Se não
conseguir, é melhor nem aparecer mais.
Fui e melhorei muito o
material, mas mesmo assim não foi publicado, pois entenderam que ainda não
estava bom.
Esse primeiro teste foi
decisivo para mim. Eu tinha [de] estudar muito, pesquisar muito, se quisesse
ser um bom fotógrafo. Felizmente, no Binômio,
todos colaboravam, era um esforço coletivo, fosse na fotografia ou em qualquer
outra área. O que aprendi lá nunca esqueci. Tudo tinha a marca criativa do
jornal.
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