Máquina do mundo
António Gedeão
O Universo é feito
essencialmente de coisa nenhuma.
Intervalos, distâncias,
buracos, porosidade etérea.
Espaço vazio, em suma.
O resto, é a matéria.
Daí, que este arrepio,
este chamá-lo e tê-lo,
erguê-lo e defrontá-lo,
esta fresta de nada
aberta no vazio,
deve ser um intervalo.
Fonte: Silva, A. C. &
Bueno, A., orgs. 1999. Antologia da poesia portuguesa contemporânea. RJ, Lacerda Editores. Poema publicado em
livro em 1961. ‘António Gedeão’ é pseudônimo de Rómulo Vasco da Gama de
Carvalho.
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