Esfinge
Guimarães Passos
Pigmalião, o heroico
estuário,
Galateia não fez com mais
esmero,
Nem mesmo o próprio
Donatello quero
Que o mármore encha de
poder tão vário.
Divino artista em mundo
imaginário
Achou n’um sonho o teu
perfil austero,
E ao céu roubando ardente
revérbero
Inflamou-te este corpo
extraordinário.
Assombro eterno da beleza
humana;
Suprema perfeição de que
se ufana
A Arte, que a vida com
tal arte finge!
Quantos dirão vendo-te o
lábio mudo:
“Tivesses coração, terias
tudo...”
Néscios! Não viram
coração de esfinge.
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