Boi morto
Manuel Bandeira
Como
em turvas águas de enchente,
Me
sinto a meio submergido
Entre
destroços do presente
Dividido,
subdividido,
Onde
rola, enorme, o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Árvores
da paisagem calma,
Convosco
– altas, tão marginais! –
Fica
a alma, a atônita alma,
Atônita
para jamais.
Que
o corpo, esse vai com o boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
Boi
morto, boi descomedido,
Boi
espantosamente, boi
Morto,
sem forma ou sentido
Ou
significado. O que foi
Ninguém
sabe. Agora é boi morto,
Boi morto, boi morto, boi morto.
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