Luxo de peixe
Cassiano Ricardo
1.
Dia bruxuleante, já.
O sol, último feixe
de luz.
Entre a enxárcia e o
velame, o debuxo
esdrúxulo
(em anil-móbile)
de pescador.
2.
Nunca tanto sol
(de escama)
que saltou da pauta
ou da flauta.
Nunca tanto salmão.
Nunca tanto sol
na mão.
Nunca um mar tão
irmão.
Nunca tanto xaréu,
hipocampo, pampo,
enxameando, piscando
na xilogravura
da rede.
(Por
São Peixe Cristo)
Diante de tanto
cardume imprevisto
como haver quem se
queixe?
Nem um bruxo
explicará tanto
luxo
de peixe.
3.
(Nunca Jean Marie
pescou tanta flor)
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