Ceteris paribus
Pascal Boyer
O pensamento de qualidade requer estilo intelectual. O estilo consiste
principalmente em evitar alguns erros cruciais, os quais, infelizmente, são tão
difundidos quanto prejudiciais. Pensar requer o uso de instrumentos adequados,
e o instrumento sobre o qual quero lhe falar é, talvez, o mais modesto de
todos. Uma ferramenta tão discreta em algumas teorias que algumas pessoas nem
notam sua existência. Ainda assim, esse instrumento é usado; e não apenas isso,
se ele não for usado você não pode ‘fazer’ ciência. E, sob o meu ponto de
vista, você nem ao menos pode pensar sobre qualquer problema, científico ou
não, de um modo que realmente faça sentido. Deixe-me ir ainda mais adiante.
Existe uma diferença entre aqueles que usam esse instrumento e aqueles que não
o fazem. A comunicação entre os dois grupos de pessoas é sempre difícil. O
instrumento tem um nome em latim que o torna respeitável e misterioso, ceteris paribus, e uma tradução em
português que é, de fato, mais enganosa por ser tão simples: tudo o mais (ou outra coisas) sendo
invariável. Se você despender algum tempo pensando sobre o que essa frase
significa realmente, e como pode ser usada, logo perceberá alguns aspectos
importantes do estilo intelectual.
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