08 fevereiro 2017

Os oceanos poluídos

Norman Metzger

Não obstante o que ainda temos de aprender sobre as proteínas fixadoras de [nitrogênio], enigmas do envelhecimento e neutrinos subterrâneos, os oceanos continuam sendo o posto avançado mais inconfortável do homem – uma última fronteira para a ciência. Não compreendemos os oceanos – a natureza e comportamento da água do mar; o que acontece quando o oceano se encontra com o ar; e como a química dos oceanos afeta a vida que essas águas criam. Sabemos mais sobre os leitos dos oceanos do que sobre as águas que lhes estão por cima.

Essas lacunas apontam para uma importância mais profunda do que o simples impulso para aprender: os oceanos estão sendo poluídos com rapidez sempre crescente e não sabemos as consequências.

As quantidades anuais de chumbo e mercúrio que o homem está acrescentando aos oceanos aproximam-se dos níveis acrescentados pela erosão natural dos continentes; os hidrocarbonetos do óleo derramado estão atingindo o nível dos hidrocarbonetos naturais resultantes da decomposição da vida vegetal e animal; cerca de 25% de todo o DDT feito até hoje estão agora nos oceanos. Os pesticidas usados na África seguem os ventos e aparecem na baía de Bengala, ao largo do oceano Índico e nas Antilhas. Os pesticidas pulverizados num milharal no Kansas aparecem nas geleiras no hemisfério norte, dentro de um ano. Qualquer químico analítico competente pode encontrar radioatividade feita pelo homem nas águas extraídas de qualquer oceano.
[...]

Fonte: Metzger, N. 1975 [1972]. Homens e moléculas. RJ, Zahar.

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